A indústria portuguesa de calçado vai promover-se pelo mundo, sendo que haverá um plano de ação de 6 milhões de euros.
“O couro é indiscutivelmente a melhor matéria-prima disponível no mercado”, afirma Luís Onofre, presidente da APICCAPS, a associação dos industriais de calçado.
O dirigente explica numa mensagem que esta nova aposta da indústria está assente em estudos, métricas e argumentos competitivos para recuperar um produto bem conhecido das suas empresas, bem como o seu lado sustentável.
Portugal sempre se destacou no calçado de couro e, apesar de os novos materiais terem ganho peso nos últimos tempos, 85% das vendas das empresas nacionais ainda são no segmento premium, que volta a ganhar relevância, avança o Expresso.
“O que queremos é desmitificar algumas ideias preconcebidas e escalpelizar os argumentos competitivos que tornam o calçado em couro um produto de excelência”, refere Paulo Gonçalves, diretor de comunicação da APICCAPS,n acrescentando que o couro usado nos sapatos é maioritariamente de origem bovina.
“Na sua essência, a indústria do calçado reaproveita uma matéria-prima nobre desperdiçada pela indústria alimentar”, sublinha o dirigente.
A indústria portuguesa do calçado fechou o primeiro semestre do ano com um crescimento homólogo de 22% na exportação, para um recorde de exportações de 957 milhões de euros, correspondente a 40 milhões de pares.
“Os estudos vão dando sinais de que já demos a volta em matéria de calçado desportivo e vem aí um novo ciclo em que o couro pode ser protagonista”, adianta Paulo Gonçalves.
Para aproveitar esta janela de oportunidade e reposicionar a indústria nacional, há já um plano de ação e promoção de seis milhões de euros, no âmbito do PRR, que pretende colocar o couro e a economia no centro das atenções.
“Teremos engraxadores em momentos de promoção no estrangeiro e isto vai começar já na Micam, em Milão”, diz Paulo Gonçalves, em referência à maior feira de calçado do mundo, entre 18 e 20 de setembro, que irá incluir cerca de 40 empresas nacionais.
A APICCAPS desafiou, no âmbito do INSURE.Hub — Inovação em Sustentabilidade e Regeneração, com a Universidade Católica do Porto e a Planetiers New Generation, o Hub e os seus parceiros internacionais a avaliarem a sustentabilidade do couro.
“Procuramos avaliar como se comporta o couro relativamente a outros materiais no calçado e revimos métricas como a que define um prazo médio de vida de um ano para um par de sapatos, independentemente do material. Confirmamos que o couro tem um período de vida superior ao das outras matérias-primas e, se for bem tratado, um par de sapatos de couro até pode passar entre gerações”, diz Paulo Gonçalves.
A APICCAPS sublinha que “os sapatos de couro dispensam o uso de água, nomeadamente nas fases de lavagem e secagem”.
“Todos os materiais têm um caminho a percorrer nos próximos anos no que diz respeito à melhoria e integração dos seus níveis de sustentabilidade e o couro não é exceção”, conclui Paulo Gonçalves.