“Impostor do Tinder”. Namorada revela porque é que apoiou o golpista

Kate Konlin

O “Impostor do Tinder” e a sua ex-namorada Kate Konlin.

A modelo israelita Kate Konlin explica porque é que apoiou e defendeu o seu então namorado Simon Leviev, conhecido como “O Impostor do Tinder”.

Quando saiu o documentário da Netflix “O Impostor do Tinder”, em fevereiro de 2022, a namorada de Simon Leviev ficou do seu lado. Agora, ela conta que não achava que tivesse escolha, pois era controlada emocionalmente por ele. A mulher é a modelo israelita Kate Konlin, de 23 anos.

Leviev enviou um vídeo para a BBC, com imagens e documentos sobre o relacionamento. “Ela mente continuamente”, escreveu ele.

“É claro que ele me chamaria de mentirosa”, conta Konlin à BBC. “Ele chamou de mentirosas todas as mulheres que se apresentaram contra ele. Ele não quer que eu conte a minha história de abuso emocional”.

No início, os amigos de Konlin adoravam Leviev. “Kate, ele é perfeito demais”, diziam eles. “Até assusta um pouco”.

Shimon Heyada Hayut (este era o seu nome original, que mudou legalmente para Simon Leviev) infiltrou-se no Instagram de Konlin com mensagens diretas em 2020. E, numa questão de semanas, estavam juntos.

“No início, a nossa relação era um bombardeio de amor”, conta à BBC. “Ele era obcecado por mim”.

Leviev acompanhava-a a sessões de fotos e esperava enquanto ela trabalhava. Ele limpava a sua casa e mandava longas e românticas mensagens de voz. Era algo intenso, mas Konlin conta que, com 23 anos de idade, era como ela achava que o amor deveria ser. Até que, depois de um tempo, começaram as discussões.

Konlin afirma que, quando ele criticou a sua aparência, as suas roupas, o seu peso e a sua pele (ela sofre de surtos de acne), começou a perder a confiança. A jovem não sabia ao certo o que Leviev iria dizer depois.

Konlin viu os seus amigos cada vez menos nos 18 meses em que estiveram juntos. E, quando via, eles diziam que ela não era mais a pessoa calorosa, animada e comunicativa que conheciam.

Depois de alguns meses, Leviev começou a pedir dinheiro – milhares de dólares emprestados por vez, até um total, segundo Konlin, de 150 mil dólares.

Konlin já era uma modelo internacional, retratada na capa das revistas Vogue no Japão, Grazia em Itália e Wallpaper, no Reino Unido. Era financeiramente independente e conta que ele sabia disso.

Konlin encaminhou à BBC mais de uma dezena de mensagens de voz de Leviev. Ele grita com frequência e pede empréstimos, dizendo que o dinheiro dele está preso em investimentos.

Numa das mensagens, Leviev grita enquanto explica porque é que não pode devolver o dinheiro: “Kate, eu sou milionário! É verdade. De momento, estou bloqueado. Entendes? Estou bloqueado! Entendes isso no teu cérebro perturbado? Esse cérebro de passarinho que tens. Estou bloqueado, Kate. Eu não te roubei. Deste-me de livre vontade. Emprestaste-me. Estou bloqueado, é isso”.

O “Impostor do Tinder” foi o documentário mais assistido da Netflix em 90 países quando foi lançado, em fevereiro de 2022. A produção afirma que Simon Leviev enganou mulheres que encontrava no Tinder e que os seus golpes atingiram cerca de 10 milhões de dólares. Ele nega as acusações.

Konlin conta que assistiu ao documentário sentada ao lado dele no sofá. “Eu sabia que era tudo verdade”, conta. Mas a modelo diz que se sentiu obrigada a aceitar a versão dele sobre os factos. Segundo Konlin, era um relacionamento abusivo. Leviev convenceu-a facilmente a defendê-lo em público, por exemplo, no programa jornalístico americano Inside Edition.

“Ele disse-me, ‘se ficares do meu lado, as pessoas vão acreditar em mim, porque és mulher'”, relembra.

Ao mesmo tempo, o Instagram de Konlin estava repleto de mensagens abusivas, enviadas por pessoas que viram as suas cenas no final do documentário.

“As pessoas diziam-me que desejavam que eu tivesse cancro ou fosse atropelada por um carro e que eu merecia o pior de tudo porque estava numa relação com ele”, conta a israelita.

As discussões entre o casal intensificaram-se, até que veio o desfecho, no dia 29 de março. “Eu disse, ‘chega, vou-me embora. Não aguento mais’. E comecei a fazer as malas”, recorda Konlin.

Segundo Konlin, a discussão tornou-se física. Ela conta que Leviev a empurrou e que ela cortou o pé num degrau, que tinha uma borda áspera. “Eu estava a sangrar. Senti como se tivesse morrido. Eu queria matar-me”, relembra. Isto fez com que a discussão parasse. Foi quando Leviev filmou Konlin a chamar uma ambulância e gritou que nada tinha acontecido com ela.

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