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Novo implante cerebral permite controlar membros protéticos simultaneamente

Investigadores da Universidade de Johns Hopkins, nos Estados Unidos, criaram um implante cerebral – tecnologia que se pensa ser uma invenção médica – que permitiu a um homem tetraplégico controlar ambas as próteses dos membros superiores simultaneamente.

A Johns Hopkins Medicine (JHM) e o laboratório de física aplicada da Universidade de Johns Hopkins colaboraram na criação do implante cerebral e, em janeiro de 2019, uma equipa de cirurgiões implantou seis elétrodos no cérebro de Robert “Buz” Chmielewski, num procedimento cirúrgico que demorou dez horas.

Com o implante cerebral, Chmielewski, que ficou tetraplégico num acidente de surf há mais de três décadas atrás, melhorou a sensibilidade das suas mãos e foi capaz de controlar mentalmente os seus braços protéticos, lê-se num comunicado da Johns Hopkins Medicine.

Agora, quase dois anos após a realização da cirurgia, Chmielewski já consegue usar ambos os braços robóticos para realizar tarefas simples, como por exemplo comer sem ajuda.

“Este tipo de pesquisa, conhecido como interface cérebro-computador (BCI, na sigla em inglês), focou-se maioritariamente num braço, controlado apenas por um lado do cérebro”, disse Pablo Celnik, membro da equipa de investigação.

“Assim, ser capaz de controlar dois braços robóticos para fazer uma atividade básica do dia-a-dia – neste caso, cortar um bolo e levá-lo à boca com sinais detetados de ambos os lados do cérebro através de elétrodos implantados – é um passo claro para alcançar um controlo de tarefas mais complexas através do cérebro”, acrescentou.

A tecnologia utilizada pelos investigadores funciona através de um sistema que automatiza uma parte do controlo robótico com inteligência artificial (IA) – o objetivo era combinar sinais de interface cérebro-computador com robótica e IA para permitir que a pessoa se concentrasse nos detalhes (pegar num objeto, por exemplo), enquanto deixava a IA assumir o controlo assim que a decisão é tomada.

“Os nossos próximos passos incluem expandir o número e os tipos de atividades da vida diária que podemos demonstrar, bem como fornecer aos utilizadores feedback sensorial adicional conforme as tarefas são realizadas”, disse Francesco Tenore, outro membro da equipa de investigadores.

“Isso significa que o indivíduo não terá de confiar na visão para saber se está a ser bem sucedido, tal como as pessoas saudáveis conseguem sentir como estão a atar os atacadores, sem precisarem de olhar”, explicou Tenore.

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

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