A contagem dos votos dos espanhóis que vivem no estrangeiro dificultou ainda mais as negociações para Pedro Sánchez, que está agora nas mãos dos independentistas da Catalunha.
O impasse em Espanha não dá sinais de ter solução à vista e a contagem de votos dos emigrantes veio agravar a situação, ao obrigar a uma mudança na distribuição dos lugares no parlamento.
Consequentemente, o Partido Socialista (PSOE) do primeiro-ministro Pedro Sánchez perdeu um assento em Madrid para o Partido Popular (PP) de centro-direita. Com isto, a coligação que junta o PP, o partido de extrema-direita Vox e a União do Povo Navarro (UPN), chega aos 171 deputados — o mesmo número que Sánchez e os seus aliados à esquerda conseguiram.
Apesar de ganhar um assento, o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, continua sem ter condições para formar Governo. No entanto, a redistribuição de lugares sem dúvida que dificultou as contas para Sánchez e deixou o país vizinho mais perto de ter de voltar a ir às urnas, explica o Politico.
Antes de perder o assento de Madrid, Sánchez poderia ter persuadido os deputados nacionalistas e separatistas a apoiar um governo de coligação entre os socialistas e a aliaça de esquerda Sumar. Mas, à luz do parlamento reorganizado, o primeiro-ministro precisa agora também do apoio explícito do partido separatista Junts per Catalunya, fundado por Carles Puidgemont, para conseguir governar com estabilidade.
No entanto, chegar a um acordo com o Junts parece altamente improvável, dadas as exigências dos separatistas, que querem amnistia geral para todos os envolvidos no referendo de independência de 2017 e garantias de que haverá um novo referendo à independência da região.
A vice-primeira-ministra da Espanha, María Jesús Montero, rejeitou rapidamente estas exigências, afirmando que o PSOE só poderia negociar dentro das margens legais da Constituição espanhola.
Carles Puidgemont, que está exilado na Bélgica, já reagiu aos resultados, garantindo que não vai ceder a qualquer “chantagem política ou pressão” dos socialistas. “Quem acredita que ao exercer pressão ou chantagem política obterá algum benefício, pode poupar-se ao esforço”, afirmou no Twitter, acrescentando que ter a chave do poder é “circunstancial” e que o Junts não se vai “apressar” nas negociações perante o medo de “perder a chave”.
Com os dois blocos empatados, antecipa-se que o líder conservador Feijóo procure a nomeação do Rei Felipe VI como o próximo primeiro-ministro quando o parlamento for reconvocado no próximo mês. Embora Feijóo não tenha o apoio necessário para uma candidatura bem-sucedida, a nomeação poderia sufocar os apelos internos à sua renúncia após os resultados aquém do esperado do PP nas eleições.
No entanto, Sánchez ainda pode tentar garantir a nomeação se um número suficiente de líderes partidários apoiar a sua coligação, criando um Governo ao estilo da geringonça em Espanha, com o partido que ficou em segundo a formar o executivo.
Caso nenhum dos candidatos consiga o apoio necessário, começará uma contagem de dois meses até novas eleições, conforme determina a Constituição espanhola. Isto significa que há um risco crescente de os espanhóis terem de voltar urnas no final de 2023 ou no início de 2024, adicionando uma nova camada de incerteza à turbulenta paisagem política espanhola.