IGAI achou estranho jovens da Cova da Moura irem “apenas” saber de amigo à esquadra

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(dr) Augusto Brázio

Uma das razões apontadas pela Inspeção-Geral da Administração Interna para acreditar na versão dos polícias em detrimento da dos jovens foi achar pouco verosímil que os jovens da Cova da Moura tivessem ido à esquadra de Alfragide “apenas para saber do seu amigo” ali detido.

A Inspeção-Geral da Administração Interna arquivou sete dos nove processos disciplinares que resultaram em duas suspensões de agentes da Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial da Amadora, a chamada esquadra de Alfragide.

A decisão da IGAI é baseada na versão da PSP, segundo a qual um grupo de jovens forçou a entrada na esquadra, apesar de haver testemunhos que não confirmam o arremesso de pedras de que os agentes alegam ter sido vítimas.

A interpretação da IGAI aos acontecimentos é assim distinta da do Ministério Público, que acusa 18 agentes de tortura e racismo, entre outros crimes, como falsificação de autos.

Segundo o Público, que analisou os relatórios de 2015 e de 2017 da IGAI, instituição que fiscaliza a legalidade da atuação das forças policiais, algumas das justificações que levaram o inspetor de 2017 a arquivar as acusações que foram deduzidas no relatório de 2015 resultam também de interpretações distintas sobre os mesmos factos.

Num relatório de Fevereiro de 2017, que analisou os nove processos disciplinares abertos, o inspetor da IGAI responsável pelo caso lança as suspeitas sobre os jovens com argumentos como “nenhum deles ser advogado ou familiar do jovem detido” e, por isso, não terem forma de apoiar o detido.

Segundo conclui o Público, o facto de os jovens irem à esquadra apenas para saber do amigo que tinha sido detido suscitou dúvidas ao inspector.

A IGAI diz agora que “em momento algum se assume nos processos tal iniciativa como suspeita”, mas “apenas se inquire, como decorre dos relatórios, que apoio concreto pretendiam os jovens facultar, pois todos sabiam já que o amigo se encontrava detido”.

No relatório de 2017 refere-se que a versão de todos os polícias presentes é a de que o grupo queria entrar na esquadra contra a vontade destes e que foram atirados objetos.

O inspetor alega que a versão da polícia tem mais consistência, apesar de um dos polícias que estava no interior da esquadra dizer que não ouviu barulho de pedras a bater nos vidros, e de uma testemunha que ia a passar relatar desacatos, mas não ter confirmado que tivessem sido atiradas pedras.

No relatório de 2015, que o Ministério Público cita, consta que “as versões que incluem o arremesso de pedras ao edifício da esquadra não são sustentáveis. A distância do muro do jardim até à parede do edifício não é maior que cinco metros. As pedras teriam de forçosamente partir os vidros das janelas, que são logo ali, ou deixar marcas de embates na parede. E não havia nem vidros partidos nem buracos na parede quando a inspeção se deslocou ao local.”

Também refere o mesmo documento que “invadir uma esquadra policial não é fácil“, sobretudo quando está em frente a outra esquadra da PSP.

Sobre uma das acusações feitas num primeiro relatório de 2015 a um dos chefes de que tinha havido falsificação do auto, a IGAI diz no documento de 2017 que se fosse esse o caso então dois agentes que se deslocaram à esquadra vindos de outro local teriam dado conta de um “embuste” criado e não teriam corroborado a versão dos colegas.

O inspetor diz ainda que se a versão dos jovens fosse a certa, então os próprios teriam feito saber ao dois oficiais que entretanto apareceram naquela esquadra o que se passara.

Segundo a IGAI, a hipótese de não ter sido feita essa queixa aos oficiais não era razoável.

ZAP //

9 Comments

  1. Existe (na minha opinião ) alguns agentes de policia com necessidade de afirmação!

    Mas reconheço que na altura em que sentimos receio é pela policia que chamamos e se algum atraso na sua chega existir critica-se imediatamente.

    Nessas alturas eles (policias) sao chamados para lidar com pessoas de difícil trato.

    Nos ficamos no nosso canto a aguardar que o problema seja resolvido.

    Quando a “coisa” azeda é necessário o uso de alguma força!

    Ok vamos chamar a isso racismo?????

    Acho que devemos exigir respeito respeitando…

  2. Cada um no seu lugar.
    Se não ocupas o teu lugar, terás que ser posto no sitio.

    Com 50 anos de vida, nunca um agente da autoridade me levantou o tom de voz e muito menos me agrediu.

    • Acaso o senhor é de raça negra e vive na Cova da Moura? Se não, o que é que isso diz sobre haver ou não polícias racistas na C.M.? Lógica não é o seu forte, está bom de ver…

      • 1º Não não sou de raça negra mas respeito todas as raças.
        o respeito tem sempre duas faces (respeito e respeitado) indissociáveis.

        2º não não vivo na cova da moura porque criei litros e litros de suor para poder viver num local mais aprazivel………………

  3. Apoio incondicionalmente os polícias. Poderá, num ou noutro caso, ter havido exageros da parte deles (polícias), mas, “a árvore não se sobrepõe à floresta”.
    Quando vocês se sentirem ameaçados nos vossos haveres ou pessoas, quem é que vão chamar? São os polícias ou os “meninos” da Cova da Moura?
    Os “meninos” da Cova da Moura, por acaso, eram de “cor”. Se não fossem, e caso provocassem desacatos, os polícias não teriam actuado, levando-os para esquadra?
    Se, em consciência, me responderem que não, então concordarei e também direi que eles (polícias) eram racistas. Agora, delinquentes são todos aqueles que provocam desacatos ou atentem contra a ordem pública, etc., e então a polícia terá de intervir, sejam eles brancos, pretos, amarelos, vermelhos ou os “raios que o partam”.
    Preferem uma instituição policial medrosa e acobardada? Escolham!

  4. Quem os conhece sabem bem que eles não iriam lá por outra razão, extremamente simpáticos e sociáveis por onde passam outra razão não poderia ser!

  5. Vamos lá ver se acabamos com o complexo de país colonialista, e com as falsas delicadezas politicamente correctas. Não é por serem pretos, mas aqueles pretos são problemáticos.

    Qualquer comunidade emigrante, em qualquer país de destino, quando atinge um certo número de indivíduos dá origem a uma micro-sociedade onde se preservam a cultura, os costumes e os valores do país de origem. E quanto maiores forem os contrastes culturais entre o país de origem e o país de destino, mais coesa e demarcada se torna a comunidade emigrante. É um sistema de auto-defesa instintivo.

    A Cova da Moura é um exemplo claro da recriação de uma sociedade africana, impera a lei do mais forte, não há estado de direito, não há ordenamento urbano e não há respeito pelas autoridades.

    Aos amantes do multi-culturalismo, eu pergunto:
    Qual o país em África onde gostariam de viver?
    Qual a capital africana onde se imaginam a viver em segurança com os vossos filhos?
    Querem a recriação de sociedades africanas no vosso bairro ou cidade?

    E reparem que esta opinião não é racista, não é a raça que causa os problemas, são as diferenças culturais.
    Emigrantes de qualquer raça podem integrar-se na sociedade do país de destino, se assim o quiserem e para isso se esforçarem.

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