O novo computador quântico Starling da IBM será tolerante a falhas. A partir de agora construir, construir computadores quânticos é uma questão de engenharia, em vez de ciência — e o apocalipse quântico das criptomoedas recuou alguns anos.
A IBM apresentou esta semana uma nova arquitetura de computação quântica que afirma reduzir drasticamente o número de qubits necessários para a correção de erros.
Este avanço sustentará o seu objetivo de construir um computador quântico de grande escala e tolerante a falhas, chamado Starling, que estará disponível para os clientes até 2029.
Dada a inerente falta de fiabilidade dos qubits (o equivalente quântico dos bits) com que os computadores quânticos são construídos, a correção de erros será crucial para a construção de dispositivos fiáveis e de grande escala.
As abordagens de correção de erros distribuem cada unidade de informação por muitos qubits físicos para criar “qubits lógicos”. Isto proporciona redundância contra erros em qubits físicos individuais, explica o IEEE Spectrum.
Uma das abordagens mais populares é conhecida como código de superfície, que requer aproximadamente 1.000 qubits físicos para compor um qubit lógico.
Esta foi a abordagem em que a IBM se concentrou inicialmente, mas a empresa norete-americana acabou por perceber que criar o hardware para a suportar era “um sonho impossível da engenharia“, disse Jay Gambetta, vice-presidente da IBM Quantum, em conferência de imprensa.
Por volta de 2019, a empresa começou a investigar alternativas.
Num artigo publicado na Nature no ano passado, investigadores da IBM delinearam um novo esquema de correção de erros, com o nome de “códigos quânticos de verificação de paridade de baixa densidade” (qLDPC), que exigiria cerca de 1/10 do número de qubits necessários pelos códigos de superfície.
A nova arquitetura de computação quântica agora apresentada pela IBM pode concretizar esta nova abordagem.
“Desvendámos o código para a correção de erros quânticos e é o nosso plano construir o primeiro computador quântico de grande escala e tolerante a falhas”, disse Gambetta. “Sentimo-nos confiantes de que a partir de agora construir computadores quânticos é uma questão de engenharia, em vez de ciência“.
Uma das consequências diretas do avanço agora anunciado pela IBM é na infraestrutura que sustenta o sistema monetário digital — a espinha dorsal criptográfica da blockchain.
Com efeito, computadores quânticos de grande escala com correção de erros serão capazes de executar algoritmos que poderiam quebrar a criptografia de curva elíptica (ECC) atualmente usada pelas bitcoins como um dos principais protocolos de segurança.
Os especialistas acreditam atualmente que a indústria tem menos de uma década, talvez apenas alguns anos para implementar planos de contingência contra o “apocalipse quântico” que ameaça as cripto, de que aqui falámos há dias. Esse prazo, aparentemente, acaba de ser encurtado pela IBM.