Os únicos seres vivos que vertem lágrimas emocionais são os humanos. Os animais simplesmente não choram.
De acordo com a Discover Magazine, ao contrário dos seres humanos — que choram a ver filmes, em discussões e até em casamentos —, os animais não choram.
“Parecemos ser o único animal que derrama lágrimas por razões emocionais”, diz Randolph Cornelius, especialista em emoções humanas e professor de ciências psicológicas no Vassar College, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Há muitas teorias sobre a evolução e o propósito das lágrimas emocionais, mas os cientistas ainda não descobriram a razão pela qual choramos como sinal de aflição, em vez de termos qualquer outra reação.
De uma perspetiva biológica, existem três tipos de lágrimas: as lágrimas basais, que provêm das nossas glândulas lacrimais acessórias, localizadas sob as pálpebras, e servem para lubrificar e limpar os nossos olhos; as lágrimas reflexas, que surgem, por exemplo, quando se corta uma cebola ou algo entra para os olhos; e, por fim, as lágrimas emocionais, que são as únicas que podemos controlar, até certo ponto. Estes dois últimos tipos provêm de glândulas lacrimais na parte superior do exterior das nossas órbitas oculares.
“Um argumento é que [o choro emocional] é quase como um reflexo emocional em oposição a apenas um reflexo físico”, diz Marc Baker, docente da Universidade de Portsmouth, em Inglaterra, que investiga o choro emocional de adultos.
Alguns cientistas pensam que o objetivo do choro é, em si mesmo, apenas mais uma função biológica. O bioquímico William Frey, por exemplo, teorizou nos anos 80 que o choro equilibra os níveis de hormonas no nosso corpo para aliviar o stress. Já Charles Darwin acreditava que as crianças choravam para sentir o alívio físico das emoções negativas.
Nestas teorias, o choro é visto como uma forma de nos acalmarmos em tempos de angústia. Mas esse alívio pode vir de lugares inesperados.
Talvez a explicação mais convincente para o choro lacrimoso seja o facto de ser motivado pelas nossas necessidades sociais — é um sinal visual distinto de que algo está errado e comunica que alguém pode precisar de ajuda.
Os inquéritos de Cornelius apoiam esta teoria das lágrimas como um sinal social rápido e eficaz. Em vários estudos, os investigadores mostraram fotografias de rostos aos participantes (sob um diferente pretexto) e pediram-lhes que interpretassem a emoção.
Algumas das fotografias mostravam pessoas a chorar; outras mostravam pessoas cujas lágrimas tinham sido removidas digitalmente.
Quando as fotografias foram mostradas com lágrimas, quase todos os participantes rotularam a emoção como tristeza. Os rostos chorosos sem lágrimas, por outro lado, eram confusos.
“Sem as lágrimas, a emoção quase desaparece”, diz Cornelius. “Os seus julgamentos da emoção não tendem a agrupar-se em torno da família ‘triste’ das emoções — estão por todo o lado. E, de facto, algumas pessoas dizem que não há emoção nenhuma lá”, explica.
Isto significa que o choro é um sinal forte para os outros do nosso estado emocional imediato. É difícil fingir as lágrimas reais. E como os investigadores do choro podem atestar, é difícil induzir o choro emocional genuíno num ambiente de laboratório — uma das razões pelas quais é um desafio estudar.