Amor-ódio? Relação entre humanos e cães na Idade da Pedra era (muito) estranha

Jean-Baptiste Fourvrel

Um “extremamente raro” esqueleto de um animal semelhante a um cão levanta mais dúvidas do que respostas sobre o comportamento dos humanos face a este ser vivo.

Cientistas descobriram um esqueleto “extremamente raro” de uma espécie de cão com 16 mil anos (segundo sugere a datação por radiocarbono), no sul de França. Trata-se de uma fêmea, que teria cerca de 26 quilos.

“É possível que o indivíduo tenha sofrido ferimentos por ter sido espancado ou atingido por pessoas“, começa por explicar o cientista Loukas Koungoulos à New Scientist.

“Graças à sua preservação completa, pudemos comparar vários elementos do esqueleto com os de lobos e cães fósseis e modernos”, diz Mietje Germonpré, também envolvido no estudo publicado na Quaternary Science Reviews.

O animal pertencerá então ao grupo de cães do Paleolítico, que se acredita representarem uma fase inicial do processo de domesticação.

“Os humanos do Paleolítico começaram a recolher as crias de lobo das tocas e a criá-las em casa como ‘animais de estimação’ num estado domesticado”, explica Koungoulos.

Este animal tinha várias vértebras partidas que tinham sarado, o que indica que pode ter sido tratado por humanos.

Aparentemente, este era um animal doméstico… mas há também indícios de que tenha sido maltratado por humanos.

“As perfurações na omoplata foram observadas em animais com casco caçados durante o Mesolítico até aos primeiros tempos históricos, sugerindo que as pessoas apontavam os seus projéteis — lanças e flechas — para esta parte do corpo”, diz Koungoulos.

A equipa quer agora investigar a relação deste animal com os cães modernos, e tentar perceber como interagia com os humanos.

ZAP //

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