Horário para pessoas “não brancas”. Museu queria criar um “espaço seguro”

Zeche Zollern

Secção da exposição “This is Colonial” no museu Zeche Zollern, em Dortmund

O horário servia para “ter consideração pelas pessoas que saem mais afetadas pelo tópico do colonialismo do que as outras.” Direita reagiu mal e começaram a chegar ameaças ao museu, acusado de promover a discriminação racial.

Quatro horas de sábado no museu alemão Zeche Zollern, em Dortmund, na Alemanha estão reservadas para os visitantes não brancos — um “espaço seguro” para pessoas racializadas, indígenas e outros que queiram visitar uma exposição de colonialismo, avança o Público esta sexta-feira.

“This is Colonial” (“Isto é Colonial”), em exposição no museu desde março, conta a história pouco discutida do colonialismo alemão e, segundo os responsáveis pelo museu, o objetivo da controversa política era permitir que estas pessoas visitassem a exposição sem “ainda mais discriminação”.

O horário servia para “ter consideração pelas pessoas que saem mais afetadas pelo tópico do colonialismo do que as outras”, disse Kirsten Baumann, directora dos museus industriais locais.

Direita reagiu mal

Desde que a polémica se instalou após a política do museu se tornar viral no TikTok — num vídeo em que dois homens brancos confrontam os trabalhadores do estabelecimento acusando-o de discriminação para com caucasianos — Joana Cotar, ex-deputada do partido AfD (Alternativa para a Alemanha) de extrema-direita, foi uma das várias pessoas a partilhar o vídeo.

Esclarecendo que as denúncias acerca da proibição de acesso à exposição imposta a brancos era “absolutamente falsa”, Rüschoff-Parzinger admite que os trabalhadores têm sido “ameaçados” e que estão a empreender ações legais por difamação, após terem surgido no vídeo sem consentimento ou conhecimento.

Precisamente por causa dos conflitos, a polícia de Dortmund destacou agentes para ficarem permanentemente no museu e lá irá manter-se até ao encerramento da exposição, prevista para o mês de outubro.

A polémica continuou bastante ativa nas redes sociais. Mesmo depois de o museu garantir que ninguém estava impedido de entrar na exposição, muitos internautas defendem que a política só ajuda a promover a discriminação racial.

O domínio colonial alemão foi marcado por genocídio, mais em particular o dos Herero e Nama na Namíbia, que reflete uma das fases mais sombrias deste período e foi reconhecido pela primeira vez em 2021. As tropas alemãs mataram 75 mil pessoas no ex-Sudoeste africano. A memória do colonialismo alemão permanece controversa e ainda é objeto de debate e pesquisa académica.

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