Aos 48 anos, tem três empregos a tempo inteiro, em segredo. Como consegue?

Joseph, um engenheiro de 48 anos, trabalha secretamente em três empregos remotos, a tempo inteiro. Já pagou o seu empréstimo e está a poupar para a universidade dos filhos.

Segundo o Business Insider, Joseph (nome fictício), só no ano passado, ganhou um total de 344.000 dólares a trabalhar em três empresas, a tempo inteiro e em simultâneo, remotamente.

Embora o stress esteja a começar a afetá-lo, o engenheiro diz que o rendimento extra tinha feito uma enorme diferença para a sua família e que tencionava continuar a fazê-lo enquanto pudesse.

Em agosto, por exemplo, o rendimento extra ajudou-o a pagar os restantes 129 000 dólares da sua hipoteca.

No início de 2020 — quando Joseph tinha apenas um emprego — ganhava 117,500 dólares por ano. Aceitou um novo cargo remoto na área das Tecnologias de Informação (TI) com um salário de 120 000 dólares.

Mas, antes de se despedir, um colega dele convenceu-o a ficar e tentar trabalhar ao mesmo tempo nos dois empregos.

Joseph disse que, na altura, só fazia quatro a cinco horas por semana de “trabalho efetivo” no seu cargo, o que o levou a pensar que isso era viável.

Cerca de seis meses depois de iniciar funções na segunda empresa, foi apresentada uma mudança estratégica na organização e o engenheiro receou que pusesse em causa a sua função e, por isso, decidiu começar a procurar uma nova oportunidade.

Posto isto, em fevereiro de 2022, aceitou o terceiro emprego, um cargo de TI, a tempo inteiro que pagava 120 000 dólares por ano.

O fluxo de trabalho do seu segundo emprego passou de 30 a 40 horas por semana para cerca de cinco a oito. Por isso, decidiu tentar conciliar os três empregos ao mesmo tempo.

“O segundo emprego tornou-se muito fácil e ainda era 100% remoto, por isso manteve-se enquanto arranjava o terceiro emprego. Aguentei-me porque o salário era bom e eu não estava a fazer nada”.

Aceitou o que chamou de “novo emprego três“. Começou a trabalhar em outubro, a ganhar 125 dólares por ano na nova função.

Atualmente, Joseph diz que trabalha cerca de 40 horas por semana nos seus três empregos, para além de algumas horas, duas a três noites por semana.

De cada vez que aceitava um novo emprego, tinha a intenção de dedicar todo o seu tempo a essa função e deixar as outras para trás, mas diz que “parecia que podia fazer as duas coisas ou três”.

Joseph é um dos muitos americanos que aceitaram trabalho adicional devido à inflação elevada.

Contudo, a oportunidade de trabalhar remotamente em vários sítios ao mesmo tempo pode estar a acabar, uma vez que as empresas estão a pedir aos trabalhadores que voltem ao escritório.

Embora ter dois empregos em simultâneo não viole em nada a lei, pode violar alguns contratos de trabalho e traduzir-se em despedimento por justa causa — já aconteceu com alguns colaboradores.

Joseph preocupou-se com a moralidade da situação, mas, pelo lado financeiro, diz que valeu a pena.

“Conseguimos pagar a nossa casa, os carros e pagar a pronto um carro para o meu filho”, afirmou. “Só quero estar confortável com o nosso futuro financeiro”.

“Ainda vivo com um único ordenado. Nunca me deixo pensar que tenho mais dinheiro para gastar em brinquedos ou viagens. Mas é bom poder dizer, ‘Ei, vamos à Disney’, por capricho ou comprar uma máquina de lavar louça nova ou uma máquina de secar roupa sem sequer pensar nisso”.

Apesar destes benefícios, Joseph disse que se sentia “um pouco esgotado” e que não tem a certeza de quanto tempo poderá continuar a trabalhar nos três empregos. Mas disse que algumas coisas o estavam a manter vivo.

“Faço-o principalmente para poder pagar, em dinheiro, a educação universitária dos meus dois filhos”, disse. “Vejo como o meu diploma universitário me ajudou e quero que eles tenham, pelo menos, as mesmas oportunidades que eu tive.”

Por outro lado, quer preservar a segurança do emprego extra que conseguiu.

“Com o atual clima económico e a possível recessão que se avizinha, não me surpreenderia se fosse despedido de, pelo menos, dois deles”, afirmou.

Mas agora, pergunta-se o leitor: Como é que ele conseguiu conciliar, por exemplo, as reuniões de todos os empregos?

Joseph explicou que no mundo das TI “nunca trabalhamos 40 horas por semana”.

Se alguma vez for apanhado, o engenheiro está confiante de que conseguirá recuperar e encontrar outro trabalho, mas trabalha arduamente para que isso não aconteça — e apontou algumas formas de desviar suspeitas.

No calendário de trabalho digital do seu primeiro emprego, por exemplo, acrescenta todas as reuniões ou obrigações que tem para os outros dois empregos, marcando-as como “privadas” para que ninguém possa ver a que se referem. Isto ajuda-o a evitar marcações duplas e impede-o de ser incomodado durante esses períodos.

Além disso, disse, tem um bom amigo em cada um dos seus dois primeiros empregos a quem contou sobre o seu estilo de vida de excesso de trabalho.

“O meu trabalho é baseado no salário, por isso não importa se trabalho 15 horas por semana ou 40 horas por semana”, afirmou. “Se eu fizer o trabalho para o qual me contrataram, então mereci o meu salário.”

No futuro, Joseph disse que talvez deixe os dois primeiros empregos para se concentrar no terceiro, a sua “verdadeira paixão“. É um trabalho que o desafia mais, está mais dentro da sua área de especialização e oferece o potencial para um maior crescimento na carreira do que as suas outras duas funções, disse ele.

Apesar do stress de fazer malabarismos com os três empregos, ele disse que não tem pressa em desistir deles.

“De vez em quando pergunto-me o que faria se só tivesse um emprego”, disse. “O que é que eu faria com todo o tempo que tenho nas mãos?”.

Em Portugal, o fenómeno também já acontece. Nunca houve tantos portugueses com mais do que um emprego — pelo menos desde que há registos.

Só no primeiro trimestre registou-se um aumento de 4,5% em relação ao ano passado.

255 mil pessoas têm mais do que um emprego em Portugal, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística.

De referir que o Código do Trabalho refere que um patrão não pode proibir o trabalhador de ter outro emprego; excetuando casos de segurança e saúde, ou sigilo profissional”.