VIH descoberto adormecido no cérebro

O VIH não fica só escondido no sangue. Cientistas conseguiram agora provar que o vírus também pode ficar adormecido no cérebro.

O material genético do VIH fica dentro das células infetadas. É como se estivesse a “hibernar” escondido dentro das células do corpo. O VIH não consegue multiplicar-se sozinho. O vírus infiltra-se nas células do hospedeiro como um espião e usa-as como uma fábrica para criar novos vírus.

Tipicamente, o VIH esconde-se no sangue. Cientistas descobriram agora que nem sempre é este o caso. A equipa de investigadores encontrou VIH adormecido nas células imunitárias do cérebro, segundo a IFLScience. A comunidade científica já suspeitava que isto pudesse acontecer, mas nunca o conseguiram provar.

As células chamadas microglia, que fazem parte do sistema imunitário especializado do cérebro, atuam como um reservatório do vírus. A descoberta não é um fait diver. Agora que os cientistas sabem da existência deste reservatório do vírus, há a possibilidade de o tentar erradicar.

Tipicamente, o VIH infeta um subconjunto específico de glóbulos brancos, que desempenha um papel crucial no sistema imunitário do corpo humano. As células vão gradualmente sucumbindo ao vírus. Mas, ocasionalmente, as células seguem um caminho diferente e ficam dormentes ou inativas — por vezes, durante anos. Isto é algo conhecido como latência.

Os tratamentos atuais que controlam a infeção nada podem fazer quanto a estas células dormentes. Se o tratamento for interrompido, a infeção latente pode voltar a aparecer, causando uma recorrência da doença. Além de se esconder nas células sanguíneas, sabemos agora que o vírus também se pode esconder no cérebro.

A descoberta surgiu graças a um grupo de voluntários seropositivos.

“As amostras são de pessoas que vivem com o VIH que estão a fazer terapia mas que enfrentam uma doença fatal de algum tipo”, explicou o coautor David Margolis. “Estavam dispostas não só a doar os seus corpos à ciência, mas também a participar no programa de investigação nos meses que antecederam a sua morte. Trata-se de um programa extraordinário que tornou possível esta investigação fundamental”.

Os resultados do estudo foram publicados, na semana passada, na revista The Journal of Clinical Investigation.

ZAP //

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