Apertos de mão, soprar as velas ou idas ao escritório. Há hábitos que se perderam com a pandemia — e outros que nem tanto

Cimabue/Pixabay

As medias recomendadas e implementadas para travar a propagação do novo coronavírus ameaçaram muitas tradições e hábitos que os seres humanos faziam de forma quase inquestionável e que os cientistas e especialistas em saúde pública avisaram que podiam acabar com a chegada da pandemia.

Desde março de 2020, altura em que a pandemia da SARS-CoV-2 explodiu em todo o mundo, muito se disse em relação à transmissibilidade do vírus e até que ponto os nossos hábitos de vida seriam afetados como forma por esta circunstância. Muitas previsões se fizeram em relação às tradições que se perder irremediavelmente, mas nem todas se confirmaram, agora que se assiste a um lento retorno à normalidade.

Uma das primeiras era o fim dos apertos de mão, abraços ou outros cumprimentos mais circunstâncias que, devido ao contacto físico que exigiam, os especialistas em saúde pública previram que deixassem de existir. No entanto, ta não se confirmou. Com uma grande vontade de retomar a normalidade e rever amigos, as demonstrações de afeto são uma constante em encontros sociais e nem a pandemia conseguiu alterar esta situação este velho hábito.

Outra previsão tinha que ver com o soprar das velas nos aniversários, depois dos famosos ‘parabéns’. Se é verdade que muitos especialistas, antes da pandemia, já alertavam para os riscos inerentes a este hábito, face à libertação de partículas para o bolo que depois é ingerido pelos convidados presentes na festa, a pandemia veio apenas reforçar o ponto. Mas, na verdade, o hábito não se perdeu, apenas foi adaptado: é costume ver-se o aniversariante a soprar a vela num bolo mais pequeno ou a retirá-la do bolo principal e a fazer o gesto numa direção onde não esteja nenhum convidado.

Outra alteração que muitos vaticinaram foi o fim dos escritórios físicos – apesar de ainda não ser possível dizer se foi uma previsão certa ou errada. Com muitas variações entre países, empresas ou até indivíduos, é provavelmente correto afirmar que o regime híbrido – com as atividades profissionais a repartir-se entre o ambiente doméstico e os escritórios – tem recolhido as preferências dos trabalhadores, mas também de patrões, que denotam as vantagens do regime para o trabalhador, com uma maior compatibilidade dos variados âmbitos da vida do indivíduo.

Um requisito que tem pesado nas decisões das empresas tem sido a vacinação, a qual tem evoluído a diferentes velocidades nos diferentes países.

No que respeita ao comércio, outra mudança que os especialistas apontaram dizia respeito às amostras de cosméticos, muitas vezes presentes nas lojas de maquilhagem ou perfumes. O argumento avolumou-se sobretudo quando, numa fase inicial da pandemia, se acreditava que a propagação do vírus acontecia sobretudo através das superfícies – algo que os estudos científicos vieram provar não ser assim tão verdade quanto inicialmente se dizia.

Como tal, os chamados “testers” regressaram às principais lojas onde é possível adquirir produtos de beleza. Algumas das mudanças que, ainda assim, se fizeram resultaram na produção de embalagens mais pequenas, as quais podem ser entregues aos clientes de forma individualizada, o que resulta num processo mais higiénico.

Num âmbito mais abrangente, os especialistas – não só em saúde, mas também em mobilidade – acreditavam que a pandemia seria a gota de água para as grandes cidades, isto é, que perante os confinamentos a que estiveram sujeitos, os indivíduos iriam reconhecer as vantagens de viver nos subúrbios ou até no campo, em detrimento dos grandes centros urbanos. No entanto, e a julgar pelo cenário norte-americano, tal não aconteceu. Pelo contrário, os agentes imobiliários notaram mesmo um aumento de procura por casas em cidades como Jacksonville, Memphins ou Atlanta e em outras que já estavam a ser descritas como cidades-fantasmas, como era o caso de Nova Iorque ou San Francisco.

No grupo das previsões que se revelaram corretas, estão, por exemplo, o lento regresso às viagens aéreas. Durante os confinamentos, muitos especialistas apontaram que seria expectável que a população se mostrasse relutante a expor-se às confusões dos aeroportos e à clausura de um avião durante um par de horas. A verdade é que nem durante o verão, período mais propenso às viagens, e nem com as taxas de vacinação a aumentarem em muitos países os números de tráfego aéreo internacional se aproximaram, por exemplo, dos níveis de 2019.

Finalmente, outra previsão que também se confirmou – e que já vinha a ser implementada antes da pandemia – está relacionada com o relaxamento das normas de vestuário que muitas empresas exigiam aos seus funcionários, sobretudo em atividades de maior responsabilidade, como a advocacia. Trocar os fatos por calças de ganga ou roupa mais desportiva e os saltos altos por sapatilhas é algo que nem o regresso aos escritórios físicos poderá reverter. Os profissionais do pós-pandemia estão apostados em manter o conforto que o teletrabalho lhes proporcionou, pelo menos no que toca ao vestuário.

ZAP //

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