Afinal, a Amazónia não é uma região imaculada. Novas pesquisas apontam para a existência de mais de 10.000 lugares arqueológicos, debaixo da flora amazónica.
De acordo com um estudo, publicado na semana passada na Science, estima-se que existam mais de 10.000 sítios arqueológicos pré-colombianos ainda por destapar, na Amazónia.
A equipa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil descobriu 24 novas estruturas terrestres, anteriormente desconhecidas, datadas entre 500 e 1.500 anos atrás.
Estas descobertas reforçam evidências de que populações indígenas – até 5 milhões de pessoas – habitaram e alteraram significativamente a fauna e flora da floresta, durante mais de 12.000 anos.
Foi feito o mapeamento 3D detalhado da paisagem, revelando ligeiras variações na topografia que indicavam atividade humana. O levantamento cobriu apenas 0,08% dos vastos 6,7 milhões de quilómetros quadrados da Amazónia.
A partir destes dados e de mais 937 construções terrestres previamente descobertas, os investigadores estimam que poderão existir entre 10.272 e 23.648 obras ainda por descobrir, naquela região.
Dimensões ambiental e cultural interligadas
O estudo também sugeriu que estas sociedades perdidas tiveram um impacto substancial na biodiversidade da Amazónia.
Os investigadores encontraram altas concentrações de plantas domesticadas perto dos sítios arqueológicos, desafiando a ideia de que a Amazónia é uma floresta virgem intocada pela atividade humana.
Com cerca de 17% da Amazónia já desflorestada e crescentes preocupações de que tenha atingido o ponto crítico ambiental, estas descobertas adicionam uma dimensão cultural à necessidade urgente de proteção.