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Há três anos, uma tempestade de poeira em Marte desencadeou a primavera no polo sul

Em 2018, Marte foi palco de uma fortíssima tempestade de areia que destruiu um vórtice de ar frio em torno do polo sul do planeta, desencadeando uma primavera precoce. Já no hemisfério norte, a tempestade só causou pequenas distorções no vórtice polar e não houve qualquer registo de mudança sazonal. 

Durante duas semanas, no início do mês de junho de 2018, poderosas tempestades de poeira formaram uma espécie de manta que cobriu toda a superfície do Planeta Vermelho. A tempestade, que coincidiu com o equinócio de Marte e durou até meados de setembro, acabou por ser fatal para a sonda Opportunity da NASA, movida a energia solar.

Recentemente, uma equipa de cientistas da The Open University, da NASA e da Russian Academy of Sciences analisou os efeitos do evento na atmosfera marciana.

“Foi a oportunidade perfeita para investigar como é que as tempestades de poeira globais impactam a atmosfera nos polos marcianos, rodeados por poderosos jatos de vento no inverno”, explicou Paul Streeter, citado pelo EurekAlert.

A equipa constatou que a tempestade de 2018 teve efeitos muito distintos em cada hemisfério.

No polo sul, onde o vórtice foi quase destruído, as temperaturas aumentaram e a velocidade do vento diminuiu drasticamente. Embora o vórtice possa já ter começado a decair devido ao início da primavera, a tempestade de poeira parece ter tido um efeito decisivo em terminar o inverno mais cedo.

Já o vórtice polar do norte permaneceu estável e o início do outono seguiu o seu padrão habitual. Ainda assim, o vórtice, normalmente elíptico, tornou-se mais simétrico com a tempestade.

As tempestades globais de poeira no equinócio – quando os dois hemisférios recebem a “mesma” quantidade de luz solar – podem migrar com mais facilidade para o sul, devido à redução do vórtice, enquanto os ventos do polo norte se mantêm firmes, como uma barreira.

A equipa apresentou as suas descobertas no dia 23 de julho na National Astronomy Conference (NAM 2021), que decorreu em formato online.

Liliana Malainho, ZAP //

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