Há pessoas que conseguem ouvir cores, sentir sabores e provar texturas. não se trata de uma doença grave, apenas uma mistura estranha na qual a estimulação de um sentido também produz sensações num outro.
Pense na sua série favorita, a mesma que está habituado a ver confortavelmente no sofá. Na parte inferior do ecrã tem legendas, correto? E se lhe dissermos que há pessoas que conseguem ver essas legendas enquanto falam no seu dia-a-dia com pessoas? O fenómeno é real e é conhecido como sinestesia.
Calma, não se trata de uma doença grave, apenas uma mistura estranha na qual a estimulação de um sentido também produz sensações num outro. Por exemplo, há pessoas que conseguem ouvir cores, sentir sabores e provar texturas. Há ainda outros tipos de sinestesia nas quais as pessoas conseguem sentir dores de terceiros ou ver o tempo.
Ao longo da história houve vários relatos de pessoas com esta capacidade, mas a questão só começou a ser devidamente estudada no século XVII. Mais especificamente, este tipo de sinestesia foi detetado em 1883 por Francis Galton, que anunciou que “algumas pessoas conseguem ver mentalmente impressas cada palavra que é falada (…) e conseguem lê-las como se estivessem escritas numa folha de papel.”
Em dezembro do ano passado, uma equipa de investigadores do Instituto do Cérebro de Paris publicaram um estudo na revista científica Cortex, no qual 26 pessoas com este tipo de sinestesia participaram numa série de testes áudio.
De acordo com os cientistas, a escolha deste tipo de sinestesia aconteceu porque “na linguagem sinestésica, tanto o indutor (fala) como o concorrente (imagem ortográfica) são imagens linguísticas. Durante as experiências, os participantes receberam estímulos auditivos, sendo-lhes pedido de seguida que escrevessem as legendas que viram enquanto ouviam os sons.
Os sons incluíam estímulos não visuais, como ruídos de animais, espirros ou bocejos, mas também sons de objetos inanimados, como o motor de um carro, ou palavras cujas formação não corresponde à sua fonética.
Dessa forma, os investigadores descobriram que todos os voluntários viram legendas quando observavam uma pessoa a falar e a maioria também as via mesmo quando contactava com palavras novas. Posteriormente, descobriram que como noutras formas de sinestesia, os sintomas variavam consoante os indivíduos. Por exemplo, 11 dos participantes alegaram ver legendas para ruídos não humanos.
Mas, afinal, o que causa a sinestesia?
Um dos resultados que mais surpreendeu os cientistas tem que ver com com uma aparente ligação genética em um terço dos participantes, já que os mesmos alegavam que membros da família mais próxima também experienciavam a mesma sensação ou outras formas de sinestesia. Os investigadores também concluíram que 18 participantes também experienciavam outro tipo de sinestesia.
