O coração da Via Láctea é um local bastante sossegado, com um buraco negro pouco ativo e poucos nascimentos de estrelas. Porém, novas observações revelaram que nem sempre foi assim.
Há mil milhões de anos, a Via Láctea sofreu uma ronda furiosa de explosões de estrelas. De acordo com os astrónomos, foi “um dos eventos mais energéticos em toda a história da Via Láctea”. Este evento, segundo os cientistas, poderia contradizer as nossas ideias sobre a taxa de formação de estrelas na nossa galáxia.
O centro galáctico é, segundo explica o ScienceAlert, uma região de estrelas densas que medem cerca de 490 anos-luz no meio da Via Láctea, em torno de um buraco negro supermassivo. Esta região viu alguma formação estelar nas últimas dezenas de milhões de anos.
Com base na densidade estelar, os astrónomos concluíram que o centro galáctico tem estado bastante ocupado a produzir novas estrelas. Estudos anteriores descobriram que a formação estelar tem sido bastante contínua ao longo de 13,5 mil milhões de anos de história da galáxia.
Agora, foram feitas novas observações de alta resolução com o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul para o que os astrónomos chamam de uma pesquisa “sem precedentes” do centro galáctico. Este esforço foi projetado especificamente para revelar a história da formação de estrelas do nosso coração galáctico – e os resultados da contam uma história muito diferente.
“Ao contrário do que foi aceite até agora, descobrimos que a formação de estrelas não é contínua”, disse Francisco Nogueras-Lara, astrónomo no Instituto de Astronomia Max Planck, na Alemanha, em comunicado.
De acordo com a análise dos dados, a equipa concluiu que 90% das estrelas do centro galáctico se formou durante a primeira metade da história da galáxia (entre oito e 13,5 mil milhões de anos atrás). Depois disso, passaram-se seis mil milhões de anos com muito poucos nascimentos de estrelas.
Há mil milhões de anos, de repente, começaram a formar-se estrelas a um ritmo furioso. No espaço de menos de 100 milhões de anos, nasceram estrelas com uma massa combinada de até 42 milhões de vezes a massa do Sol, de acordo com o estudo publicado esta semana na revista científica Nature Astronomy.
“As condições na região estudada durante a explosão de atividade devem parecer-se com as das galáxias de explosão estelar, que formam estrelas a taxas de mais de 100 massas solares por ano”, disse Nogueras-Lara.
Atualmente, a taxa de formação de estrelas da Via Láctea é lenta – cerca de uma a duas massas solares por ano. Durante um evento de explosão de estrelas, são produzidas diferentes estrelas extremamente massivas com muito calor e brilho. Estas estrelas têm vidas curtas e brilhantes – cerca de 10 milhões de anos – antes de se tornaram supernovas.
É exatamente isso que os investigadores pensam que aconteceu no centro da Via Láctea há mil milhões de anos. Estas observações podem ajudar a restringir e detalhar os eventos que contribuíram para este tempo extraordinário na história da galáxia.
Pelos vistos isto de guerrilhas já vem desde o tempo da criação do universo!