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Intestinos dos surfistas têm mais superbactérias do que o normal

digitizedchaos / Flickr

O surfista Dane Reynolds

Um estudo recente comprova que os surfistas têm uma maior probabilidade de apresentarem bactérias resistentes no intestino do que os banhistas regulares.

As “superbactérias” – micróbios resistentes a um ou a vários antibióticos – são um dos problemas que têm preocupado os médicos ultimamente. Entre elas estão as estafilococos (Staphilococcus aureus) e pneumococo (Klebsiella pneumoniae).

Os médicos temem que todos os antibióticos percam a sua eficiência contra estas superbactérias. Segundo a comunidade médica, estes micróbios são muito comuns em hospitais veterinários e em propriedades de criação de animais.

No entanto, segundo a Sputnik News, uma equipa do Centro Europeu para a Saúde Ambiental e Humana, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu outra fonte destas superbactérias: o mar.

A investigação, publicada na Environment International, analisou as águas costeiras do Reino Unido, mas os investigadores advertem que o problema pode existir noutras partes do mundo também.

A equipa estudou um grupo de 143 surfistas e 130 banhistas regulares e concluiu que os surfistas tinham três vezes mais probabilidade de ser contaminados com uma bactéria resistente a antibióticos de terceira linha, como a Staphilococcus aureus, do que os banhistas regulares.

Além disso, verificaram que os surfistas tinham também quatro vezes mais probabilidades de serem contaminados por bactérias portadoras de um gene, como a Klebsiella pneumoniae, que lhes confere resistência contra múltiplos antibióticos do que os banhistas.

Segundo o Observador, para os investigadores, uma prática mais frequente de desportos aquáticos como o surf está relacionada com o aumento da exposição a bactérias resistentes.

“O risco de colonização com bactérias resistentes a antibióticos entre surfistas pode ser diferente noutros países. Nos locais onde as pessoas nadam no mar com mais frequência, o risco pode ser substancialmente maior do que os riscos reportados no Reino Unido e outros países com clima temperado”, escrevem os autores no artigo.

Em Portugal, por exemplo, é possível que a exposição a bactérias seja maior, já que a afluência de surfistas e banhistas às praias é muito maior do que três vezes por mês.

Quer os surfistas, quer os banhistas, podem estar colonizados com bactérias resistentes e não apresentarem quaisquer sintomas.

Segundo Carlos Palos, médico no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, existe apenas “uma maior propensão destas pessoas para, caso tomem antibióticos ou caso fiquem gravemente doentes, terem infeções causadas por estas bactérias resistentes”.

Outro dos problemas sublinhados no estudo é o facto de as pessoas colonizadas serem potenciais fontes de transmissão para outras pessoas, aumentando as formas de resistência na sociedade.

Ainda assim, o Observador ressalva que o objetivo dos autores não é fazer com que as pessoas deixem de ir à praia ou deixem de praticar desportos aquáticos. Querem apenas alertar para “o risco de colonização por bactérias resistentes a antibióticos associado à exposição a ambientes naturais poder ser mais importante do que se julgava”.

ZAP //

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