Mesmo nas experiências com pessoas invisuais, a comunicação é mais eficaz através dos gestos do que dos grunhidos.
Muitos de nós imaginam os primeiros humanos nas cavernas a comunicar com grunhidos, mas um novo estudo veio desmistificar esta ideia. A pesquisa publicada na Proceedings of the Royal Society B concluiu que a comunicação humana começou com gestos e não com sons.
Uma equipa de cientistas da Universidade do Ocidente da Austrália pediu a 30 voluntários australianos e a outros 30 de Vanuatu que participassem num jogo parecido com charadas.
Depois, as regras mudaram, com os gestos a serem substituídos com grunhidos e roncos. A segunda opção foi “bastante mais eficaz” quando se tenta passar uma ideia sem se falar.
A segunda parte da experiência foi igual à primeira, mas a amostra era de pessoas com deficiências visuais. Mesmo neste contexto, os gestos ganharam aos grunhidos, o que sustenta a teoria de que a origem das línguas está nos gestos.
Os investigadores sublinham ainda que pessoas de todas as culturas usam gestos enquanto falam, pelo que esta tendência se verifica independentemente das nacionalidades. As crianças pequenas também “usam os gestos com sucesso como o seu único meio de comunicação”.
As línguas gestuais sofisticadas surgem rapidamente em populações com crianças surdas, com um mesmo alcance expressivo que as línguas faladas, o que comprova a “ubiquidade do gesto e a sua capacidade para evoluir rapidamente até uma língua”.
Este novo estudo inspirou-se numa outra investigação de 2015 que argumentou que os humanos iniciaram as comunicações mais complexas entre há cerca de “2.5 e 1.8 milhões de anos”.
A pesquisa insinuou que os humanos falavam de “bricolage”, com os cientistas a acreditam que a evolução da língua entre os nossos antepassados na savana africana foi causada pela criação de ferramentas.
As conclusões deste estudo podem ser uma indicação do que nos espera no futuro, já que a importância dos gestos na nossa comunicação significa que alguns dos métodos que mais usamos para conversar, como mensagens ou emails, ignoram uma parte fundamental das nossas interacções.