Tratamento do cancro: Avanços promissores graças a células feitas em laboratório

Sergio Bondanza, Francesca La Mantia / CMR Unimore

Células estaminais clonadas curadas

Pela primeira vez, foram produzidas, em laboratório, células estaminais do sangue humano – o que poderá melhorar significativamente a forma como tratamos certos tipos de cancro.

O segredo para o tratamento de cancros como a leucemia e o linfoma pode estar em células estaminais criadas em laboratório.

Estas células, testadas em ratos, demonstraram a capacidade de se tornarem medula óssea funcional, comparável à obtida após transplantes de células do sangue do cordão umbilical.

O tratamento atual destes cancros pode destruir as células formadoras de sangue na medula óssea, exigindo transplantes de células estaminais. No entanto, a limitação de doações e o risco de rejeição são desafios significativos.

O novo método, revelado num estudo publicado recentemente na Nature, poderia permitir a produção de células estaminais a partir do próprio doente. Esta nova prática poderia resolver os problemas de fornecimento e reduzindo o risco de rejeição.

Como explica a New Scientist, esta técnica envolve a reprogramação de células do sangue ou da pele em células estaminais pluripotentes – que podem diferenciar-se em qualquer célula do corpo.

“Este processo envolve a ativação temporária de quatro genes, o que faz com que as células do doente regressem a uma fase inicial de desenvolvimento, em que podem transformar-se em qualquer célula do corpo”, explica Andrew Elefanty, do Murdoch Children’s Research Institute, em Melbourne, citado pela New Scientist.

Posteriormente, estas células são orientadas para se transformarem em células estaminais do sangue, num processo que dura cerca de duas semanas e culmina na produção de milhões de células sanguíneas.

“Começamos por fazer milhares de pequenas bolas de células flutuantes, com algumas centenas de células em cada bola, e orientamo-las para que deixem de ser células estaminais e se transformem sequencialmente em vasos sanguíneos e depois em células sanguíneas”, continuou Elefanty.

Resultados promissores

Nas experiências, as células foram infundidas em ratinhos imunocomprometidos e tornaram-se medula óssea funcional em 50% dos casos.

Este sucesso sugere que as células produzidas têm a capacidade de gerar todos os tipos de células sanguíneas necessárias para o funcionamento do sistema imunitário, um marco essencial no tratamento de cancros do sangue.

“É esta capacidade única de produzir todos os tipos de células sanguíneas durante um período de tempo prolongado que define as células como células estaminais sanguíneas”, enalteceu o cientista.

Como nota a New Scientist, apesar do potencial promissor, a variabilidade no sucesso e na diversidade das células produzidas é ainda um dos desafios que precisam de ser superados para garantir a consistência e eficácia do tratamento.

ZAP //

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