O Governo decidiu travar a expansão prevista para alunos do 1.º ciclo e do secundário e vai fazer estudos antes de continuar o projeto.
O Ministério da Educação anunciou que, no próximo ano letivo, não irá expandir o projeto-piloto dos manuais digitais a mais turmas do 1.º ciclo e do ensino secundário. A decisão prende-se com a necessidade de avaliar o impacto desta iniciativa na aprendizagem dos alunos antes de prosseguir com a sua expansão.
Assim, o projecto-piloto continuará a ser implementado apenas nas turmas do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico (5.º ao 9.º ano), abrangendo cerca de 24 mil alunos que já utilizaram os manuais digitais no ano lectivo anterior.
O projeto, que teve início no ano letivo 2020/2021, enquadra-se no Plano de Ação para a Transição Digital e tem vindo a crescer ao longo dos anos. No entanto, apesar de estar em vigor há quatro anos, ainda não foram realizados estudos conclusivos sobre o seu impacto na aprendizagem dos alunos. Até ao momento, as únicas avaliações disponíveis são baseadas em questionários aplicados a alunos, professores e directores.
O Ministério da Educação reconheceu a necessidade de um estudo de impacto mais aprofundado para fundamentar futuras decisões sobre o projecto. Assim, uma avaliação completa será realizada, com vista a determinar a continuidade ou a revisão da iniciativa no ano letivo 2025/2026, revela o Público.
A adesão ao projecto tem gerado controvérsia na comunidade educativa. Um exemplo disso é a petição pública “Menos Ecrãs, Mais Vida“, que critica a imposição de manuais digitais e argumenta que a pandemia já criou lacunas significativas na aprendizagem dos alunos. Os críticos apontam que a leitura em formato digital pode ser menos eficaz do que em papel, especialmente para crianças mais novas, e defendem a importância do suporte físico nos primeiros anos de escolaridade.
A decisão do Ministério de suspender a expansão do projeto foi recebida positivamente por especialistas, como o professor João Lopes, da Universidade do Minho, que alerta para a superioridade da leitura em papel, especialmente em contextos educativos, e defende a continuidade do uso de manuais impressos, particularmente no 1.º ciclo.