Dia muito agitado em Lisboa. Negociação foi suspensa, sapadores ainda queriam retomar as conversas mas o Governo recusou – e explicou.
Esta terça-feira ficou marcada pelo protesto de bombeiros sapadores no exterior do edifício sede do Governo, em Lisboa.
Mais de 300 bombeiros exibiram cartazes com mensagens como “aldrabões” ou “está a arder? Chamem os políticos”. Exigem a revisão da carreira, acertos salariais e ajustes no horário de trabalho a nível nacional.
Houve momentos de tensão, com petardos, bombas de fumo vermelho e o desrespeito por um cordão policial.
Tudo durante a terceira ronda de negociações entre sindicatos dos bombeiros profissionais e o Governo.
E tudo de forma irregular, já que a manifestação não foi comunicada às autoridades. A polícia soube através das redes sociais.
Perto das 12h, o Governo suspendeu a reunião, por considerar não estarem reunidas condições de segurança devido à manifestação em curso no exterior.
“O Governo suspende de imediato reunião negocial com representantes dos sapadores, por não aceitar negociar perante formas não ordeiras de manifestação”, afirmou fonte do Governo numa nota enviada à Lusa.
“Não estão em causa, até ao momento, as condições de segurança. As negociações poderão ser retomadas se e quando forem assegurados o respeito pelo diálogo e tranquilidade no exercício do direito de manifestação”, afirma a fonte do Governo.
Os sindicatos dos bombeiros profissionais ainda queriam retomar as conversas mas o Governo suspendeu mesmo as reuniões no resto do dia.
Mais tarde, o Governo criticou a manifestação: “Um conjunto de pessoas autoidentificadas como sapadores exibiu comportamentos perturbadores, em algumas ruas da cidade de Lisboa e junto ao Campus XXI – Centro do Governo (local da reunião), que não são minimamente compatíveis com um exercício ordeiro e tranquilo da liberdade de manifestação, nem com o respeito do processo negocial em curso”.
“Infelizmente, de uma atuação reiterada, após os protestos realizados junto à Assembleia da República”, recorda o comunicado conjunto do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território e da secretária de Estado da Administração Pública.
O Governo garante que continua disponível para o diálogo sobre melhoria das condições da carreira dos sapadores, lembrando que já reuniu 12 vezes com sindicatos dos sapadores, quatro das quais no processo negocial formal em curso – mas “tem também de servir outros interesses públicos fundamentais“.
Agora voltará às negociações com os sindicatos dos bombeiros “se e quando assegurado o comprometimento das partes envolvidas com um diálogo institucional sereno, respeitador da ordem pública e da racionalidade deliberativa”.
Ao longo da (breve) reunião desta terça-feira, os sindicatos dos bombeiros rejeitaram todas as propostas apresentadas pelo Governo.
“Em relação ao suplemento de função, o Governo queria que a troco de 10% nós trabalhássemos mais 31 horas e meia por mês, e nós recusámos. No subsídio de risco iria chegar ao valor de 100 euros daqui a 3 anos. Não aceitamos esmolas“, justificou um dirigente sindical citado pela RTP.
ZAP // Lusa