Vários grupos de feministas apelam a uma ação exigente para combater a violência contra as mulheres em França.
No sábado, primeiro dia do ano, foi encontrado o corpo de uma mulher perto de Saumur, no oeste de França. Era uma recruta militar, de 28 anos, que tinha sido esfaqueada até à morte.
O autor do crime, um soldado de 21 anos, foi detido. Segundo a procuradora local, Alexandra Verron, está em causa um possível feminicídio – o assassinato de uma mulher pelo seu parceiro ou ex-parceiro.
No leste de França, a polícia descobriu o corpo de uma mulher de 56 anos com uma faca no peito, depois de os vizinhos terem relatado uma discussão violenta com o marido. O suspeito foi interrogado pela polícia.
Já no domingo, foi encontrada uma mulher, de 45 anos, no porta-bagagens de um automóvel, estrangulada pelo ex-companheiro. O homem de 60 anos apresentou-se na esquadra de polícia de Nice para confessar o crime.
Estes três casos de mulheres assassinadas pelos seus atuais ou ex-parceiros, nos primeiros dias de 2022, são a prova de que França enfrenta uma preocupante vaga de violência doméstica.
Segundo o The Guardian, são vários os grupos de feministas que apelam a uma ação mais exigente para combater a violência. Exemplo disso é o grupo #NousToutes (“Todos Nós”), que acusou recentemente o Governo do país de permanecer “escandalosamente” em silêncio.
Lena Ben Ahmed, membro do grupo, disse à rádio France Info que estes feminicídios “não são casos isolados”.”São violência sistemática. Todo o sistema conspira nestes homicídios porque banaliza e minimiza a violência sexista e sexual. É por isso que estamos escandalizados com o silêncio do Governo.”
No ano passado, houve em França pelo menos 113 feminicídios, um aumento em relação aos 102 oficialmente registados em 2020. Já em 2019, foram mortas 146 mulheres.
O grupo Féminicides Par Compagnons ou Ex, que divulgou os dados referentes a 2021, alertou que se tratava de um número aproximado.
“Não, não são ‘dramas familiares’, ‘dramas de separação‘ ou ‘crimes de paixão’. São assassinatos conjugais executados por homens frustrados que pensam ter o direito de matar. Que, devido à educação patriarcal, pensam possuir as suas mulheres e filhos e poderem fazer o que quiserem com as suas vidas”, referiu a associação.