Gordura abdominal escondida anda de mãos dadas com o Alzheimer

Investigadores encontraram uma correlação direta entre taxas mais elevadas de gordura visceral e um aumento da captação do PET amiloide no córtex precuneus — área afetada precocemente pela patologia amiloide no Alzheimer.

Há uma ligação significativa entre a gordura abdominal visceral — gordura “escondida” que envolve os órgãos internos no abdómen — e o início da doença de Alzheimer na meia idade, concluiu um estudo apresentado no encontro anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA).

Os investigadores verificaram, segundo o EurekAlert, que a gordura visceral está associada a alterações cerebrais que ocorrem até 15 anos antes dos sintomas da doença de Alzheimer aparecerem.

O estudo concentrou-se nos volumes de ressonância magnética (RM) cerebral, na captação de amiloide e tau em tomografias por emissão de positrões (PET), no índice de massa corporal (IMC), obesidade, resistência à insulina e gordura abdominal numa população de meia-idade cognitivamente normal.

Os participantes, com idades entre 40 e 60 anos e um IMC médio de 32, foram submetidos a vários testes, incluindo medições de glicose e insulina, testes de tolerância à glicose e RM abdominal para avaliar tanto a gordura subcutânea (sob a pele) quanto a visceral.

As RM cerebrais foram usadas para medir a espessura cortical em regiões afetadas pela doença de Alzheimer, enquanto as PET foram usadas para examinar placas amiloides e emaranhados tau, característicos da doença, num subconjunto de participantes.

Os resultados revelaram uma correlação direta entre taxas mais elevadas de gordura visceral em relação à subcutânea e um aumento da captação do PET amiloide no córtex precuneus, uma área afetada precocemente pela patologia amiloide na doença de Alzheimer. A correlação foi mais pronunciada nos homens.

Além disso, foi estabelecida uma ligação entre maior quantidade de gordura visceral e aumento da inflamação cerebral, um fator chave no desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Segundo os autores, as secreções inflamatórias da gordura visceral, em oposição aos efeitos potencialmente protetores da gordura subcutânea, podem contribuir para a inflamação cerebral e, subsequentemente, para a doença de Alzheimer.

O estudo é mais um passo na longa caminhada em prol de melhores e mais precoces diagnósticos e consequente intervenção de uma doença em que se registam alterações cerebrais tão cedo quanto aos 50 anos, bem antes dos sintomas da doença de Alzheimer se manifestarem.

Nesse sentido, a gordura visceral pode ser um alvo crítico para tratamento a fim de mitigar o risco de futura inflamação cerebral e demência.

ZAP //

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