Google proíbe aplicação do governo da Malásia para “conversão” de homossexuais

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Após uma análise ao conteúdo da aplicação, empresa norte-americana concluiu que esta violava os seus regulamentos, decidindo suspender a sua comercialização. 

Uma aplicação para telemóveis produzida pelo governo da Malásia com o propósito de ajudar a comunidade LGBT a “regressar à natureza” foi removida da loja online Google Play, depois da empresa ter concluído que o produto violava os regulamentos da plataforma.

A tecnologia foi lançada em julho de 2016, mas atraiu mais atenção quando foi partilhada no Twitter pelo departamento de desenvolvimento islâmico do governo do país. A publicação alegava, em linha com a intenção dos seus criadores, que a aplicação iria permitir às pessoas LGBT regressar a um estado de natureza ou pureza, sendo que quem a adquirisse teria também acesso a um e-book onde é detalhada a experiência de um homem gay que “abandonou o seu comportamento homossexual” durante o Ramadão.

Confrontada pelo The Guardian, a Google esclareceu que sempre que uma aplicação lhes é reportada, inicia-se um processo de investigação em linha com os regulamentos e caso seja encontrada alguma violação são tomadas “ações apropriadas” para manter uma “experiência de confiança para todos”.

Nos regulamentos da Google Play, é possível ler-se que não serão permitidas aplicações que “tentem enganar os utilizadores ou permitir comportamentos desonestos”. O departamento responsável pela tecnologia não comentou, até agora, o passo dado pela empresa.

Rachel Chhoa-Howard, investigadora da Amnistia Internacional da Malásia, classificou a aplicação como “perigosa” e “odiosa”. “A terapia de conversão é um procedimento profundamente discriminatório e doloroso que pode causar danos nos indivíduos que se sujeitam a ela. Já foi, inclusive, criminalizada em vários países. Apelamos às autoridades da Malásia que abandonem a prática imediatamente, assim como o uso da aplicação. Instem o respeito e a proteção dos direitos LGBT no país.”

Numan Afifi, fundador do grupo defensor dos direitos LGBT+ Pelangi Campaign, defende que a Google e as outras plataformas devem melhorar as suas ferramentas de moderação de conteúdos que estão alojados nas suas plataformas. “Os grupos comunitários que tentam denunciar todo o conteúdo potencialmente danoso já enfrentam múltiplos entraves, nomeadamente perseguições, censura e rusgas em manifestações ou protestos.”

“Agora que as eleições gerais estão à porta, estou bastante seguro de que a demonização da comunidade LGBT vai ficar mais intensa, especialmente entre aqueles que estão a tentar [ganhar] votos conservadores”, explicou.

A comunidade LGBTI da Malásia enfrenta uma discriminação generalizada, incluindo leis que proíbem as relações entre pessoas do mesmo sexo e a expressão não-normativa do género. A Google, por sua vez, já havia retirado uma aplicação de um grupo baseado nos Estados Unidos Living Hope Ministries que promovia a chamada “terapia de conversão“. A aplicação, que sugeria que os utilizadores podiam “rezar longe os gays”, foi removida em 2019.

ZAP //

1 Comment

  1. Ainda não entendi porque perseguem os homossexuais por esse mundo fora. Não conseguem perceber que é mais vantajoso existirem homo, pois deixam mais mulheres para os hetero.

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