Golfinhos conseguem identificar os seus amigos através do sabor da urina

Uma equipa de investigadores descobriu, acidentalmente, que os golfinhos conseguiam identificar os seus conhecidos através do sabor da urina.

Nós, humanos, conseguimos identificar uma pessoa que nos é conhecida com relativa facilidade, seja através do aspeto físico, da voz ou pela forma como caminha. Esta é uma característica que também vemos no mundo animal.

Um recente estudo de investigadores japoneses sugeriu que não só os gatos conseguem lembrar-se do seu nome, como também conseguem lembrar-se dos nomes dos outros felinos com quem convivem.

Os biólogos sabem também há várias décadas que os golfinhos formam amizades íntimas e que identificam os amigos através dos seus assobios únicos.

Agora, pela primeira vez, um novo estudo sugere que golfinhos-nariz-de-garrafa usam o seu paladar para distinguir a urina dos seus amigos. Os resultados deste surpreendente estudo foram publicados esta semana na revista Science Advances.

Estes golfinhos são conhecidos por diversos nomes, porém o mais famoso é ‘Flipper’, nome usado pelo golfinho protagonista na série homónima dos anos 60.

O propósito original do estudo era perceber se os golfinhos usam os assobios da mesma forma que as pessoas usam os nomes. No entanto, para fazê-lo, os investigadores precisavam de um termo de comparação. É aí que entra a urina.

A escolha não foi aleatória, conta a National Geographic. Um cientista já tinha observado golfinhos selvagens a nadarem propositadamente através de urina, levando os autores deste novo estudo a suspeitar que estariam a recolher informações.

Os investigadores descobriram que os golfinhos prestavam atenção à urina e aos assobios dos seus amigos, sugerindo que conheciam os animais que os emitiam.

Os golfinhos gastaram cerca de três vezes mais tempo a investigar urina familiar do que urina desconhecida, com alguns a fazê-lo durante mais de 20 segundos.

“Fiquei chocado, completamente chocado”, disse o autor principal do estudo, Jason Bruck. “Eu tinha um grande sorriso na cara, tipo, meu Deus, isto funcionou”.

O próximo passo foi tentar perceber se os golfinhos conseguiam, de facto, associar o sabor da urina a um determinado golfinho — ou se apenas a reconheciam como sendo familiar.

Para esta experiência final, Bruck testou diferentes combinações de assobios e urina em dez golfinhos, cinco dos quais eram os mesmos animais dos testes anteriores.

Quando confrontados com uma combinação incorreta, os golfinhos não prestaram muita atenção. Mas quando um golfinho via uma combinação correta, explorava a área, em média, dez segundos a mais. Dois golfinhos fizeram-no por mais de 40 segundos.

“Isto aprofunda realmente a nossa compreensão de como é que os golfinhos se acompanham uns aos outros, o que sabemos ser muito importante para eles”, diz Laela Sayigh, bióloga marinha do Woods Hole Oceanographic Institute, em Massachusetts, que não participou no estudo.

Daniel Costa, ZAP //

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