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O glifosato pode estar a matar (também) as abelhas

O polémico glifosato, conhecido pela suspeita de que provoca cancro, pode também estar a prejudicar e a matar abelhas. Uma nova investigação aponta um novo efeito colateral do mais famoso herbicida da Monsanto.

De acordo com um novo estudo, publicado nesta semana na Proceedings of the National Academy of Sciences, os cientistas investigaram o efeito deste composto sobre as abelhas e concluíram que o glifosato não só é perigoso para estes insetos como pode ser fatal.

A Bayer, que comprou a Monsanto – empresa que desenvolveu o glifosato – disse que o estudo é baseado num número muito pequeno de abelhas – cerca de 30 – e, por isso, as conclusões não podem ser generalizadas.

Para a investigação, os cientistas estudaram dois grupos de abelhas. O primeiro, foi alimentado com uma solução de açúcar misturada com glifosato. Por sua vez, o segundo grupo recebeu apenas uma solução com açúcar.

De forma a conseguir identificar posteriormente quais os insetos que pertencem a cada grupo, os cientistas pintaram as costas das abelhas com pontos de cores diferentes.

Três dias depois, as abelhas foram novamente recolhidas e examinadas. Os cientistas constatam que as abelhas alimentadas com a mistura de glifosato tinham perdido algumas das suas bactérias benéficas no intestino sendo, por isso, mais suscetíveis a infeções e mortes causadas por bactérias malignas.

Os investigadores concluíram que, alterando a microbiota intestinal das abelhas, o glifosato enfraquece o sistema imunológico destes insetos e pode estar a contribuir para o declínio das populações de abelhas em todo o mundo.

Os herbicidas produzidos à base de glifosato, como o Roundup, da Monsanto, são utilizados em produções agrícolas em todo o mundo há mais de quatro décadas. O glifosato é o herbicida mais usado em todo o mundo, com uma produção anual de 700 mil toneladas.

A notícia de que o glifosato pode também ser prejudicial às abelhas é particularmente assustadora, tendo em conta que as populações de abelhas domésticas e silvestres têm diminuído drasticamente em muitas regiões do mundo. Na China, por exemplo, várias macieiras e pereiras tiveram que ser polinizadas à mão porque não havia abelhas suficientes para o fazer.

Provavelmente, o declínio das populações de abelhas deve-se a um conjunto de fatores, como pragas, uso de herbicidas e inseticidas. O novo estudo vem acrescentar um novo elemento a esta lista.

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