“Falinhas mansas” e “gerigoncismo”. Greve dos motoristas divide Bloco

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João Relvas / Lusa

Catarina Martins, coordenadora nacional do Bloco de Esquerda

A forma como o Bloco de Esquerda se posicionou em plena greve dos motoristas merece críticas do dirigente do partido Pedro Soares que lamenta as “falinhas mansas” e considera que “o gerigoncismo embotou o raciocínio político”.

A posição do dirigente bloquista que vai deixar o lugar de deputado na Assembleia da República foi divulgada no perfil de Facebook de Pedro Soares.

“O gerigoncismo embotou o raciocínio político de muito boa gente, que já não sabe colocar-se com clareza de um dos lados das lutas, perdeu gume no combate político e deixa-se submeter ao pânico da contabilidade dos votos“, critica Pedro Soares, reforçando que “é esta postura rendida ao populismo que engorda o PS, não são as lutas pelos direitos de quem trabalha”.

“Ainda há quem, sendo de esquerda, hesite sobre o apoio à luta dos motoristas, venha com falinhas mansas acerca dos serviços mínimos decretados pelo Governo, faça comoventes apelos à calma entre as partes para que o país não saia prejudicado, demonize os sindicatos e as lutas ‘inorgânicas’”, escreve também Pedro Soares.

As palavras do dirigente bloquista surgiram várias horas antes de a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, ter criticado o Governo pela aplicação da medida de requisição civil parcial aos motoristas de matérias perigosas, para evitar falhas no abastecimento de combustíveis.

“Decretar uma requisição civil a pedido das entidades empregadoras é um erro, uma limitação ao direito de greve“, salientou Catarina Martins, notando que o Governo deve antes preocupar-se em resolver os problemas dos motoristas, designadamente os “horários de trabalho absolutamente selvagens” e a “fuga generalizada às contribuições à Segurança Social”.

“Este é o tempo das negociações para um contrato colectivo de trabalho que respeite os trabalhadores e seja respeitado pelas entidades empregadoras”, disse ainda Catarina Martins.

Também o PCP veio a público defender a negociação colectiva – note-se que a Fectrans, a estrutura sindical próxima dos comunistas, não aderiu à greve dos motoristas.

O PCP também critica ao de leve o Governo por ter optado pela requisição civil e pelos serviços mínimos, considerando que introduz “limitações no direito à greve”. Mas, embora reconhecendo o descontentamento dos motoristas e a sua “luta consequente”, os comunistas reparam que há uma “instrumentalização” dos “reais problemas” destes profissionais, considerando que a greve está a ser “impulsionada por exercícios de protagonismo e por obscuros objectivos políticos” e que “procura atingir mais a população que o patronato”.

Por outro lado e como seria de esperar, o PS veio defender o Governo, destacando que está a actuar de “forma apropriada” para “compatibilizar o exercício do direito à greve com o exercício dos demais direitos dos trabalhadores e da população em geral”.

Os socialistas frisam que continuam “a defender o direito à greve”, mas sustentam que foi a “falta de cumprimento dos serviços mínimos” que “conduziu à necessidade” de decretar a requisição civil.

ZAP //

15 Comments

  1. Por acaso tinha reparado que, “curiosamente”, não se vê o Bloco nem PCP junto dos grevistas como já é habitual para a fotografia. Em época de pré-eleições optam por não levantar poeira. São hipócritas como todos os outros, com a agravante de estas serem questões da sua bandeira (os trabalhadores, o ódio aos patrões, o capital e tal…). Enfim…

    • Alguém me explica como se impede que os “motoristas” (o sr Pardal, na realidade) solicitem aumentos de 300% para 2025, e ainda assim, claro que o direito à greve é sagrado.
      Sagrado? Mesmo que causem o façecimento a dezenas de pessoas? Centenas mesmo? É sagrado a esse ponto? Estou a exagerar? 10 anos a faltar combustível? Vão passar tudo a eléctrico? É para isso?
      Qual a razão da greve? è para garantir o quê, exactamente? A carreira poçítica do Sr Pardal? E se ninguém fôr nisso por estar inserido numa economia faz-de-conta, vamos buscar os espanhois e as transportadores fecham portas? Esclareçam-me, ó sábios supremos. Porque isto cheira a Farsa da grossa.

      • Pura Ignorância?!!!… ou não deves ganhar 630€ p/mês, com 9 e 10 horas de trabalho /dia e a dormires numa cabine… quando não se sabe do assunto reserva-te no teu…
        -não é preciso nenhuma sabiciência.

      • Muito Bem , Lino
        boa resposta , é por inergumenos como aquele , que este pais ainda tem muita ente a ganhar o ordenado minimo
        Força com a vossa greve que é legitima
        os Inergumenos querem escravos

  2. A hipocrisia politica em todo o seu esplendor, podemos ver isso correntemente no BE e no PCP que “venderam” os seus ideais revolucionários de esquerda por uma suposta influência no Governo. … tolos .

    • Entendo a tua revolta , porem ( Segundo a minha opinião ) dadas as circunstancias em que foi possível formar esta coligação ” possível ” de governo se pesarmos os prós e os contras foi a única opção possível , pois quaisquer outras seriam muito piores , a direita já “des”governou com uma coligação PSD- CDS PP e é um facto de que embora tivessem divergências ideológicas, Impuseram-nos politicas extremistas de direita tais , que ” na minha opinião , criminosas ” no caso desta coligação o grande problema é o PS , que tem membros sem a menor vergonha na ” tromba ” oportunistas da pior estirpe , porque se a grande maioria dos Partidos Sociais Democratas europeus esqueceram suas raízes , a Social Democracia foi de Esquerda , criada na Alemanha em 1885 , hoje de um extremo Neo-liberalismo criminoso , pratica uma ideologia de saque ” privatizar , dar aos amigos e beneficiar umas migalhas “, vergonhosamente o PS tem membros que ” á tromba podre ” também advogam e praticam a politica de saque roubo dos bens públicos que pertencem a todos , ” privatizam ” a preço de ” Uva mijona ” beneficiam amigos e compadres, roubam-nos e encobrem os anteriores ao ponto de , quando a troika entrou com vontade de mandar privatizar ( crime que o FMI faz há muitos anos a todos países ) mas por cá ficou surpresa já não havia quase mais nada para roubar ” privatizar ” pois alem de estar tudo “gamado” ,deparou-se com contratos hiper milionários , contra o Estado e super favorável a empresas , as PPP s , que a maioria não passa de ” esquemas ” para assaltar o Estado , isto tem sido sucessivamente anunciado pelo tribunal de contas ,o qual é desprezado , sem poder , e quiça até ” comico ” a sem vergonhiçe dp PS e PSD não tem limites , chafurdam em lama , sem nenhuma vergonha o PCP e o BE . opoem-se á ” privatização/roubo ” sim é pouco , mas não podem fazer muito mais , se tivessem recusado , como alguns defendem , correriam o risco de dar maioria ou ” Governabilidade ” ao PS ou PSD sozinhos , o que na pratica significaria , licença para gamar , como tem feito todos estes anos , esta é a minha opinião , amigo ! Compreendo bem o sentimento de revolta de muitos , porem as alternativas eram poucas , bom seria que o BE e PCP juntos conseguissem a maioria , ai sim , acredito que muita coisa mudaria , inclusive a criminalização de actos criminosos , por enquanto só o pilha galinhas é preso , enquando assisto impavido , a bandidos no parlamento de fato e gravata vergonhosamente a defender interesses de empresas privadas , contra os daqueles que os elegeram , isso nunca foi democracia mas sim uma vergonhosa Plutocracia , criminosa , e assalto ao Estado atravez de PPPs , isto é confirmado todos os anos pelo tribunal de contas , sem poder para agir

  3. Só aparecem quando lhes convém. A sede dos votos é maior que o partidarismo e as lutas que dizem defender. Cambada de mentirosos e hipócritas que usam da boa fé das pessoas para irem avançando na política. Metem nojo.

  4. Exactamente, boa fé das pessoas que teimam em não aprender…
    “À primeira quem quer cai, à segunda só cai quem quer”…

  5. Isto está uma palhaçada em Portugal. E os portugueses parece que gostam e vão prolongar a palhaçada por mais 4 anos. Se chegar uma crise económica (como já dizem por aí), eles caem todos como tordos.

  6. Vamos ver se nos entendemos. Então a bandeira do PCP os trabalhadores, o «ódio» aos patrões, o capital e tal foi deixada de lado? É preciso conhecer mais a história do Partido que de facto não embarca em aventureirismos nem “vendeu” os seus ideais revolucionários de esquerda por uma suposta influência no Governo. Tolos são os que desconhecem ou figem desconhecer que foi com a influência do PCP que rendimentos e direitos foram repostos para trabalhadores e famílias portuguesas. Com a sua luta e após vinte anos sem ser concluída a negociação do contrato colectivo de trabalho, em 2018, a Fectrans e a Antram, fizeram uma negociação do Contrato Colectivo de Trabalho Vertical, aplicado em 2019, que deu resposta a algumas das suas justas aspirações quer com o aumento do salário base quer com a integração na sua remuneração de parte significativa das prestações pecuniárias com as vantagens respectivas para os trabalhadores, em situação de doença, desemprego e para o cálculo da reforma. Após a negociação do Contrato Colectivo, que prevê revisão anual das cláusulas com expressão pecuniária, assistiu-se por parte de entidades patronais à violação dos seus termos, gerando descontentamento dos trabalhadores. É neste contexto que é convocada uma greve por tempo indeterminado e com uma argumentação que, instrumentalizando reais problemas e descontentamento dos motoristas, é impulsionada por exercícios de protagonismo e por obscuros objectivos políticos e procura atingir mais a população que o patronato. Uma acção cujos promotores pelos vistos estarão dispostos a utilizá-la para a limitação do direito à greve.

    • Manuel Abreu Vilas Boas, sabe qual é o problema?
      O PCP aburguesou-se.
      O partido há muitos anos que não está realmente com os trabalhadores. Estes são apenas um meio para perpetuar os mesmos no poleiro.
      Quando lhes falta a força dos sindicatos da função pública são um monte de balelas furadas e cabeças ocas.
      Esta greve, tal como já havia sido a dos enfermeiros, é importante para se ver o quão alheados andam os partidos (todos) da realidade.
      Não conhecem as classes profissionais, não conhecem os seus problemas, não conhecem as entidades empregadoras e os meios de exploração usados por estas.
      Resumindo, tudo o que saia da Praça da Constituição é desconhecido para esses senhores, aliás, para todos os que por lá rompem as cadeiras, quando se dignam aparecer.
      Não sou a favor de greves selvagens. Mas irritam-me greves de classes que comparativamente com outras, e tendo em conta a realidade do país, estão a sangrar o país. Para não falar da questão da produtividade.
      Aliás, esta questão da produtividade muito gostaria de a ver estudada e discutida,
      Teríamos muitas surpresas… Muita gente teria de emigrar, não por falta de oportunidade, mas por INCOMPETÊNCIA!

  7. Marks, só lhe posso dizer que precisa de conhecer melhor a vida do PCP para se pronunciar, não caindo em falsas congeminações. Visite o site do Partido e ficará surpreso.

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