O desenvolvimento da doença de Alzheimer não está exclusivamente ligado à genética, sugere um artigo científico publicado recentemente.
No primeiro estudo publicado sobre a doença de Alzheimer em trigémeos idênticos, os cientistas descobriram que, apesar de partilharem o mesmo ADN, só dois dos irmãos desenvolveram Alzheimer.
“Estas descobertas mostram que o seu código genético não determina se tem o desenvolvimento da doença de Alzheimer”, explicou Morris Freedman, autor do artigo científico publicado recentemente na revista Brain.
“Há esperança para as pessoas que têm um forte histórico familiar de demência, uma vez que existem outros fatores – ambiente ou estilo de vida – que poderm proteger ou acelerar a demência”, acrescentou, citado pelo EurekAlert.
Os três irmãos, de 85 anos, tinham hipertensão, mas só os que sofriam de Alzheimer tinham um comportamento obsessivo-compulsivo de longa data.
A equipa de cientistas analisou a sequência genética e a idade biológica das células a partir de amostras de sangue de cada um dos trigémeos, assim como de cada um dos filhos dos irmãos com Alzheimer. Um das filhos desenvolveu Alzheimer de início precoce, aos 50 anos, enquanto que o outro não relatou qualquer sinal de demência.
Os cientistas sugerem que o início tardio da doença entre os trigémeos está, provavelmente, relacionado com um gene específico ligado a um risco maior de doença de Alzheimer – a apolipoproteína E4 (também conhecida como APOE4). Ainda assim a equipa não conseguiu explicar o início precoce da doença de Alzheimer no filho de um dos trigémeos.
A equipa também descobriu que, apesar de os trigémeos serem octogenários na altura do estudo, a idade biológica das células era seis a dez anos mais nova do que a idade cronológica. Por outro lado, um dos filhos do trigémeo, que desenvolveu Alzheimer de início precoce, tinha uma idade biológica nove anos mais velha que a idade cronológica. O outro filho do mesmo trigémeo, que não tinha demência, apresentou uma idade biológica muito próxima à idade real.
“O ADN com o qual morremos não é necessariamente o que temos quando somos bebés, o que pode estar relacionado ao motivo pelo qual dois dos trigémeos desenvolveram a doença e o outro não”, esclareceu Ekaterina Rogaeva, outra autora do artigo. “À medida que envelhecemos, o nosso ADN envelhece connosco e, como consequência, algumas células podem sofrer mutações.”
Além disso, existem outros fatores químicos ou ambientais que, apesar de não alterarem os genes, afetam a maneira como são expressos.