Bispo cipriota afirma que gays são “reconhecidos pelo odor”. Polícia investiga comentários homofóbicos

A polícia do Chipre abriu uma investigação aos comentários homofóbicos de um bispo grego-cipriota da Igreja Ortodoxa. A pedido do procurador-geral, os investigadores examinarão se o prelado, conhecido pelo nome Neophytos, violou as leis do discurso de ódio ao afirmar que a homossexualidade poderia ser transmitida quando as mulheres grávidas fizessem sexo anal.

“É um problema que geralmente é transferido para a criança dos pais”, disse o bispo de Morphou numa de uma série de palestras anunciadas como “encontros espirituais de diálogo”, segundo noticiou na segunda-feira o Diário de Notícias. “E, dizem, acontece… quando os pais [se entregam] a atos eróticos que não são naturais”, acrescentou o bispo.

Relatando a história de um santo e de um “menino lindo”, o bispo disse que os gays eram instantaneamente reconhecíveis porque emitiam um “odor particular”.

O governo denunciou os comentários por estes insultarem “a dignidade e a igualdade dos cipriotas”. Os ativistas do Accept LGBTI, um grupo de direitos dos homossexuais, pediram que Neophytos enfrente medidas disciplinares.

“Queremos vê-lo a retratar-se”, disse Zacharias Theophanous, um engenheiro de software, que pretende concorrer a autarca de Nicosia em 2021. “A igreja é muito poderosa neste país e os seus pontos de vista muitas vezes têm um efeito traumatizante em jovens que lutam para encontrar o caminho”, indicou.

Numa carta ao procurador-geral, Costas Clerides, o grupo disse que as observações do bispo levaram inúmeras pessoas a apresentar testemunhos sobre autoridades da igreja a promover a “terapia de conversão” o que, em alguns, provocou pensamentos suicidas.

Costas Clerides recebeu queixas semelhantes no passado, embora esta seja a primeira vez que foi ordenada uma investigação policial. Casos de discurso de ódio homofóbico por clérigos seniores foram relatados em 2016 e 2017, mas nenhuma ação foi tomada.

Chipre foi um dos últimos membros da União Europeia (UE) a descriminalizar a homossexualidade, em 1998, sob pressão de Bruxelas, enquanto se preparava para se juntar ao bloco. Nos quatro anos desde que a legislação entrou em vigor, proibindo o discurso do ódio, não houve nenhum procedimento legal em resposta a comentários homofóbicos e transfóbicos.

TP, ZAP //

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