Descobertas antigas galáxias “bizarras” que não deveriam existir

Cientistas descobriram seis galáxias nos primórdios do Universo, que são tão incompreensivelmente massivas, que representam um desafio para a nossa compreensão básica do cosmos.

Notícias de estrelas, planetas ou galáxias distantes descobertas por astrónomos não são propriamente surpreendentes. Agora, se falarmos de galáxias “bizarras” que não deveriam existir, aí entramos noutro capítulo do fascinante.

As galáxias em questão surgiram apenas 500 a 700 milhões de anos após o Big Bang, mas têm massas que se aproximam de 100 mil milhões de vezes a do Sol, quase o equivalente à atual Via Láctea. Os cientistas não sabem como é que as galáxias atingiram estas dimensões num espaço tão curto de tempo, escreve a VICE.

Os resultados do estudo sugerem que o modelo Lambda-CDM, que descreve a nossa compreensão do Universo e que representa o modelo de concordância da teoria do Big Bang, pode estar incompleto.

Embora esta seja a teoria mais consensual, não quer dizer que os cientistas olhem para ela como uma verdade incontornável e irrefutável. Ainda em novembro do ano passado, os prestigiados Sunny Vagnozzi e Avi Loeb propuseram uma nova teoria para a formação do Universo, que deita por terra a teoria do Big Bang.

Os astrofísicos propõe o “Big Bounce”, que sugere que o Universo observável é o resultado do fim de uma fase cosmológica e o início de outra. Ou seja, ao contrário da teoria atual que diz que antes do Big Bang não havia nada, é possível que houvesse alguma coisa.

O autor principal do novo estudo, Ivo Labbé, disse que a descoberta das galáxias foi uma grande surpresa. “Acho que cuspi o meu café”, conta Labbé á VICE. “Estes objetos são realmente extraordinários”.

Labbé et al.

As seis galáxias encontradas pelos cientistas.

“Uma parece ter formado 100 mil milhões de massas solares em estrelas, semelhantes à nossa atual Via Láctea, em apenas 5% do tempo. Isto certamente não era esperado. Esperávamos encontrar 0. Além disso, as formas dessas galáxias são muito estranhas. Mesmo tendo a mesma quantidade de massa que a Via Láctea, ela é 30 vezes menor”, explicou o investigador.

Se virmos a Via Láctea como um adulto de 1,75 m e 70 kg, então estas galáxias são um bebé com um ano de idade, com uma altura e peso semelhantes. “É realmente bizarro”, atira Labbé.

O estudo foi publicado esta quarta-feira na revista científica Nature.

Daniel Costa, ZAP //

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