Galáxia zombie “renasce das cinzas” após 20 milhões de anos

ESO/M. Kornmesser

Impressão artística da galáxia A2744-YD4.

As galáxias que deixam de produzir estrelas não costumam voltar a ter atividade. Mas um novo estudo constatou agora que nem sempre isso acontece.

Uma estranha galáxia zombie, detetada no Universo distante, parece ter acordado do seu torpor.

Esta galáxia deixou de formar estrelas durante 20 milhões de anos — até voltar à vida numa explosão de atividade.

O comportamento desta galáxia pode ajudar a explicar um mistério cósmico sobre as primeiras galáxias do Universo.

Segundo a New Scientist, os cientistas identificaram a galáxia, a que deram o nome de A2744-YD4, através do Telescópio Espacial James Webb (JWST).

Num novo estudo, pré-publicado este mês no arXiv, os investigadores encontraram assinaturas de estrelas jovens, bem como de estrelas mais velhas e menos brilhantes nunca antes vistas numa galáxia.

“Já vimos galáxias a passar por explosões de formação de estrelas e também já vimos galáxias que já não estão a formar estrelas, mas este é o primeiro caso em que vemos uma galáxia que deixou de formar estrelas e depois passou por este tipo de processo de rejuvenescimento”, afirma Guido Roberts-Borsani, co-autor do estudo

A equipa de cientistas acredita que a galáxia esteve sem atividade devido a fusões com outras galáxias, que podem fornecer um novo combustível para a formação de estrelas numa galáxia morta, ou pode dever-se ao facto de o gás ser expelido por supernovas e voltar a cair na galáxia.

“As estrelas jovens podem facilmente ofuscar as mais velhas, por isso, para inferir com exatidão as massas das galáxias, é necessário entender se pode haver uma população mais velha que é ofuscada por estrelas jovens brilhantes”, explica  Claude-André Faucher-Giguère, professor da Northwestern University.

Através das imagens fornecidas pelo JWST, os cientistas encontraram muitas galáxias que eram maiores e mais velhas do que o esperado.

O acontecimento levou os investigadores a suspeitar de que a ideia de que as galáxias primitivas eram estáveis e consistentes na sua formação estelar poderia estar errada.

Se o comportamento explosivo se confirmar, pode explicar algumas das observações do JWST apesar de não terem havido quaisquer observações que comprovem o tipo de formação estrelar explosiva que seria necessário.

Por fim, os investigadores esperam que nas primeiras centenas de milhões de anos do Universo todas as galáxias estejam a passar por este modo violento e explosivo de formação de estrelas, apesar de ainda serem necessárias mais provas de que se trata de um fenómeno omnipresente.

Soraia Ferreira, ZAP //

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