Astrónomos descobriram uma galáxia que mal brilha, mas que é um fóssil vivo dos primeiros anos do Universo: é quase tão antiga como ele.
Com a ajuda do telescópio espacial Hubble, uma equipa de astrónomos descobriu uma galáxia anã e isolada quase tão velha como o Universo, à qual deram a idade de cerca de 13 mil milhões de anos, divulgou esta quinta-feira a Agência Espacial Europeia.
A galáxia, batizada com o nome de “Bedin 1“, está a 30 milhões de anos-luz da Via Láctea e pertence ao grupo de galáxias anãs esféricas, que se caracterizam pelo seu pequeno tamanho, pouca luminosidade, falta de poeira e por populações de estrelas velhas.
Apesar de as galáxias anãs esféricas serem comuns, tendo já sido identificadas 22 em redor da Via Láctea, a “Bedin 1” tem a singularidade de estar muito isolada: está a dois milhões de anos-luz da galáxia mais próxima, e possivelmente sua hospedeira, a “NGC 6744”.
A nossa vizinha “Bedin 1” é alongada e insere-se na categoria galáxia esferoide anã. “Esferoide” porque tem o formato semelhante ao de um ovo e “anã” porque de uma ponta à outra mede, no máximo, 300 anos-luz – a Via Láctea tem 100 mil anos-luz de diâmetro.
Segundo o Observador, há 36 galáxias como esta no Grupo Local, aquele a que pertencem a Via Láctea e a Andrómeda. A Agência Espacial Europeia admite que galáxias como a Bedin I “não são incomuns”, mas que esta é especial: porque é extremamente isolada, e porque pode ser a mais pequena galáxia anã descoberta até à data.
Provavelmente, a “Bedin 1” será “a galáxia anã mais isolada que foi descoberta até à data”, refere um comunicado da Agência Espacial Europeia (ESA), que opera o telescópio Hubble em parceria com a agência espacial norte-americana NASA.
A partir das propriedades das estrelas da “Bedin 1”, uma equipa internacional de astrónomos inferiu que a galáxia tem perto de 13 mil milhões de anos, sendo que o Universo tem uma idade estimada em 13,8 mil milhões de anos.
Por estar tão isolada, o que a impede de interagir com outras galáxias, e por ser tão velha, a “Bedin 1” é considerada um “fóssil vivo” do Universo primitivo. Os resultados da descoberta foram publicados na Monthly Notices of Royal Astronomical Society.
A esperança da ESA é vir a encontrar mais galáxias como esta quando o Hubble se reformar e o Telescópio de Levantamento Infravermelho de Campo Largo o vier substituir.
“A descoberta de Bedin 1 foi verdadeiramente casual. Muito poucas imagens do Hubble permitem que estes objetos sejam vistos e cobrem apenas uma pequena área do céu. Telescópios futuros com um grande campo de visão terão câmaras a cobrir uma área muito maior e poderão encontrar muitos mais destes vizinhos galácticos”, disseram os cientistas.
ZAP // Lusa