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Não há furacões na Europa (mas isso pode estar prestes a mudar)

ESA / HANDOUT / EPA

Aumento das temperaturas e a alteração dos padrões meteorológicos, aumenta a possibilidade de furacões afetarem regiões europeias como a Península Ibérica, as Ilhas Britânicas e até os Açores.

Nos últimos anos, a incidência de fenómenos meteorológicos extremos, como furacões, tufões e ciclones tropicais, tem aumentado, especialmente com o aumento das temperaturas globais.

O aquecimento dos oceanos e fenómenos como a “La Niña” são fatores cruciais para a formação e intensificação destes sistemas. Embora a Europa tradicionalmente não seja um local propício para a formação de furacões, as alterações climáticas poderão mudar essa realidade, explica o National Geographic.

O que são ciclones tropicais?

Os ciclones tropicais são sistemas de baixa pressão que, ao formarem-se sobre águas quentes, organizam tempestades em torno de um centro rotativo.

Estes sistemas variam em intensidade, desde depressões tropicais, com ventos inferiores a 63 km/h, até tempestades tropicais e furacões, quando os ventos ultrapassam os 119 km/h. A diferença entre um furacão e um tufão reside apenas na sua localização geográfica. Furacões formam-se no Atlântico Norte, Pacífico Central e Oriental, enquanto tufões ocorrem no Pacífico Noroeste.

Porque não há furacões na Europa?

A ausência de furacões na Europa deve-se às condições atmosféricas e oceânicas locais, que não favorecem a sua formação.

Os furacões necessitam de águas quentes, com temperaturas superiores a 26-27°C, e baixo cisalhamento do vento, o que não é comum no Mediterrâneo e nas áreas costeiras europeias.

Além disso, o cisalhamento elevado na região tende a desorganizar tempestades que poderiam evoluir para furacões.

O Impacto da “La Niña”

A “La Niña”, que se caracteriza pelo arrefecimento das águas do Pacífico, tem um impacto direto na formação de ciclones tropicais, diminuindo o cisalhamento do vento no Atlântico tropical e criando condições mais favoráveis para a formação de furacões.

Por outro lado, o fenómeno tende a aumentar o cisalhamento no Pacífico, reduzindo a atividade dos furacões naquela região.

Além disso, as alterações climáticas estão a aumentar as temperaturas globais, incluindo as dos oceanos, criando um ambiente propício para a intensificação dos ciclones tropicais.

Estudos indicam que, embora o número total de ciclones não deva aumentar significativamente, a sua intensidade poderá crescer. O Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) estima que, com um aumento da temperatura global de 2°C, a proporção de ciclones de alta categoria (4 e 5) poderá aumentar em até 13%.

Furacões podem chegar à Europa?

Nos últimos anos, a proximidade de ciclones tropicais da Europa tem sido um fenómeno crescente. Exemplos disso são o Vince e o Delta em 2005, o Gordon em 2006, o Ophelia em 2017 e o Leslie em 2018, que atingiram a Península Ibérica.

Estes eventos sugerem que, com o aumento das temperaturas e a alteração dos padrões meteorológicos, a possibilidade de furacões afetarem regiões europeias, como a Península Ibérica, as Ilhas Britânicas e os Açores, está a aumentar.

Outro fenómeno relevante são os “medicanes” (ciclones mediterrâneos), tempestades que partilham semelhanças estruturais com furacões, embora com menor intensidade.

Os medicanes formam-se devido a gradientes de temperatura criados por bolsas de ar frio na atmosfera superior, ao invés de águas quentes, como no caso dos furacões tradicionais. Apesar de não se esperar um aumento da frequência dos medicanes, prevê-se que a sua intensidade possa crescer com o aumento das temperaturas.

ZAP //

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