Funcionário da UE acusado de espionagem para Israel arrisca pena de morte

Amir Abbas Ghasemi

Cidadão sueco Johan Floderus em tribunal

Diplomata sueco terá trabalhado em “projetos subversivos” para ajudar Israel e estaria a montar a montar uma rede de agentes de inteligência suecos no Irão com o grupo terrorista MEK. UE diz que “não há motivos” para o manter preso.

Arrancou o julgamento do diplomata sueco detido no Irão por acusações de espionagem, de acordo com relatos iranianos este domingo.

Johan Floderus foi acusado de “medidas extensivas contra a segurança do país” e espionagem a favor de Israel, de acordo com o portal de notícias online Mizan Online, do judiciário iraniano.

Além disso, Floderus foi ainda acusado de “corrupção na Terra”, um dos crimes mais graves do Irão, punível com a morte.

Floderus, de 33 anos, foi preso em abril de 2022 no Aeroporto Internacional de Teerão, enquanto passava férias no país. Alega-se que está detido na Prisão de Evin em Teerão, a mais proeminente instalação de encarceramento do país para prisioneiros políticos e dissidentes.

A acusação afirmou que Floderus recolheu informações sobre os programas nucleares do Irão e trabalhou em “projetos subversivos” para ajudar Israel.

“O réu tem atuado contra a República Islâmica do Irão no campo da recolha de informações em benefício do regime sionista sob a forma de projetos subversivos”, relatou a Mizan, agência do poder judiciário iraniano, num relatório divulgado online.

Os promotores também acreditam que Floderus estava a montar uma rede de agentes de inteligência suecos no Irão e que estava em contacto com o Mujahedeen-e-Khalq (MEK). O grupo MEK, exilado, procura derrubar o governo iraniano, sendo considerado uma organização terrorista pela República Islâmica.

Floderus estará envolvido em atividades generalizadas contra a segurança nacional [e] desenvolve uma “ampla cooperação de inteligência com o regime sionista”, uma referência a Israel, concluiu a Mizan.

Espera-se um veredicto no caso no dia 19 de dezembro.

Família, Suécia e UE pedem libertação

A família de Floderus afirmou que o diplomata foi preso “sem qualquer causa justificável ou devido processo”.

“Hoje é o Dia Internacional dos Direitos Humanos, e neste dia, exigimos a libertação de Johan. Hoje fazem 602 dias desde que ele foi detido ilegalmente”, partilhou o grupo de advocacia Free Johan Floderus, composto pela família e amigos de Floderus, no X.

As autoridades suecas e da UE também criticaram o Irão pela detenção e julgamento de Floderus.

“Não há absolutamente nenhum fundamento para manter Johan Floderus em detenção, muito menos levá-lo a julgamento”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Tobias Billstrom, acrescentando que as autoridades suecas “estão a trabalhar muito intensamente para garantir a libertação de Johan Foderus”.

O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, também disse que não há “motivos” para manter Floderus detido.

As relações diplomáticas entre a Suécia e o Irão deterioraram-se em 2019, quando a Suécia deteve o ex-oficial iraniano Hamid Nouri.

Em 2022, Nouri foi condenado a prisão perpétua por um tribunal de Estocolmo pelo seu papel na execução em massa de dissidentes políticos no Irão em 1988. O governo iraniano exigiu a libertação de Nouri.

ZAP // DW

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