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A fratura estranha de Marte pode ter sido finalmente explicada

NASA

Marte tem uma estranha caraterística na sua superfície que tem mantido os cientistas intrigados. É um depósito de um mineral que é mais comum no interior dos planetas. Agora, já se sabe o que o pode ter trazido à superfície.

Nili Fossae é uma fratura na superfície que passou por um processo erosivo e foi parcialmente preenchida por sedimentos. Está localizado na região Syrtis Major,
perto da Isidis Planitia.

Esta fratura é interessante por causa dos depósitos minerais na área. Especificamente, contém um grande depósito da olivina mineral, que é tipicamente encontrada no interior dos planetas.

A olivina em si não é rara nem notável. Na verdade, é o principal componente do manto da Terra. Não é raro em Marte também. A palavra olivina abrange um grupo de minerais que são muito semelhantes. São todos esverdeados e são encontrados em rochas ígneas, que são basicamente lava solidificada e arrefecida.

De acordo com o estudo, publicado na revista Geology e realizado pela Universidade de Brown, em Rhode Island, o depósito de olivina foi descoberto em 2003. A área é notável pela sua formação geológica, sendo constituída por grabens – vales com escarpas afiadas em ambos os lados, causadas pelo deslocamento descendente de blocos de terra.

Ao longo dos anos, tem havido várias propostas de explicação para o estranho depósito: alguns sugeriram fluxo de lava efusivo, outros que a olivina foi dragada por um enorme impacto – talvez o mesmo que criou a enorme Bacia Isidis onde o depósito está localizado.

O novo estudo, por outro lado, diz que a olivina foi depositada graças a vulcanismo explosivo. “Esta é uma das mais tangíveis evidências para a ideia de que o vulcanismo explosivo era mais comum no início de Marte“, disse Christopher Kremer, um estudante de pós-graduação da Universidade de Brown que liderou o trabalho, em comunicado.

O vulcanismo explosivo acontece quando o magma contém gases dissolvidos como vapor de água. Esse gás dissolvido cria muita pressão no magma e, quando a rocha suspensa não consegue suportar a pressão, explode. Essa explosão envia uma enorme quantidade de cinzas de fogo e lava para o ar. Como o vulcanismo explosivo requer vapor de água, os cientistas acham que este tipo de explosão vulcânica aconteceu no início da vida de Marte, quando havia mais água.

Com o tempo, Marte perdeu a água e a atividade vulcânica terá sido menos explosiva e substituída pelo vulcanismo efusivo, que é mais suave e faz com que a lava flua pela superfície, em vez de explodir no ar.

De acordo com Kremer, há muitas evidências para a efusiva fase vulcânica na história marciana, enquanto evidências para a fase explosiva anterior não são tão facilmente descobertas, especialmente com instrumentos orbitais. “Compreender a importância do vulcanismo explosivo no início de Marte é importante para entender o orçamento da água no magma marciano, a abundância de água subterrânea e a espessura da atmosfera”.

Uma das coisas que diferenciam este depósito de outras áreas efusivas de fluxo de lava é a distribuição da própria lava. Enquanto um fluxo efusivo espalharia rocha líquida sobre a superfície, onde se agruparia em áreas de baixa altitude, o depósito estaria em longas camadas contínuas sobre vales, crateras, colinas e outras características. De acordo com Kremer, é muito mais consistente com a fixação de cinzas de uma erupção explosiva do que com o fluxo de lava.

O depósito contínuo também exclui o cenário de impacto. O impacto Isidis que criou a Bacia Isidis não conseguiria ter criado uma camada tão uniforme de cinzas. A condição da olivina em si também exclui esse cenário. A olivina mostra evidências de contacto prolongado e generalizado com a água.

Os autores dizem que só faz sentido que esta olivina fosse de queda de cinzas, uma vez que a cinza é muito mais porosa do que outras pedras e teria permitido que a água contactasse com a olivina.

ZAP //

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