Angelo Carconi / EPA
Papa Francisco na sua última aparição pública, a bênção Urbi et Orbi, no Domingo de Páscoa em 2025
Excertos da passagem de Jorge Bergoglio pelo Vaticano. Foi um “argentino que transformou a Igreja”. E o “todos, todos, todos” esteve em Lisboa.
É o fim de uma era diferente na Igreja Católica. Morreu o Papa Francisco, na madrugada desta segunda-feira, 21 de Abril de 2025. O dia seguinte ao Domingo de Páscoa.
Quando foi escolhido no Vaticano no dia 13 de Março de 2013, foi uma escolha diferente, considerada arriscada. E tornou-se um dos líderes espirituais mais marcantes do último século.
Foi um “argentino que transformou a Igreja”, lê-se nesta segunda-feira o jornal argentino Clarín. Esteve sempre “com os mais vulneráveis”, disse o presidente de França, Emmanuel Macron. Foi um Papa “extraordinário” e devemos seguir o seu exemplo, escreveu o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro.
12 anos
Entre o dia 13 de Março de 2013 (dia em que Jorge Mario Bergoglio foi anunciado como Papa) e o dia 21 de Abril de 2025 (dia da sua morte) passaram 12 anos.
O número 12 não é um pormenor na Bíblia: é o número da universalidade.
“Por isso é que no Evangelho de S. Lucas, no capítulo 10, se diz que havia não apenas 12 discípulos mas mais”, explicou o biblista Joaquim Carreira das Neves, ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
É um número que atravessa toda a Bíblia: aparece 162 vezes. Terá havido 12 tribos de Israel no Antigo Testamento; também são 12 os Profetas Menores, os últimos 12 livros proféticos do Antigo Festamento; são mencionados 12 portões no Livro do Apocalipse.
O Evangelho de Lucas também indica que Jesus tinha 12 anos quando ficou no templo, a ouvir e a falar com os oradores.
Jesus escolheu 12 apóstolos para preservar o simbolismo original – quando Judas morreu, os outros 11 escolheram Matias para o substituir para manter o grupo de 12.
É um número positivo, que terá tido origem no sistema sexagesimal dos sumérios. É um número de eleição.
Frases marcantes
À boleia da Rádio Renascença, recordamos frases marcantes do seu pontificado.
Comunista? Pobres
“Para alguns o Papa é comunista. Não se compreende que o amor pelos pobres está no centro do Evangelho! Terra, casa e trabalho, aquilo pelo que lutais, são direitos sagrados. Exigi-lo não é estranho, é a Doutrina Social da Igreja.”
Paz no casal
“Há três palavras mágicas: ‘Pedir licença’ para não ser invasivo na vida do cônjuge; ‘Obrigado’, agradecer o que o outro fez por mim; e “desculpa”, que às vezes é mais difícil, mas é necessário dizê-la. O segredo é que o amor é mais forte do que o momento em que se discute e, por isso, aconselho aos esposos: não acabem o dia em que discutiram sem fazer as pazes, sempre.”
Jovens
“Os jovens são sempre a esperança duma nova unidade para a humanidade fragmentada e dividida. Mas somente se tiverem memória, apenas se escutarem os dramas e os sonhos dos idosos. Não é por acaso que a guerra tenha voltado à Europa no momento em que está a desaparecer a geração que a viveu no século passado. Há necessidade da aliança entre jovens e idosos, para não esquecer as lições da história, para superar as polarizações e os extremismos deste tempo.”
Idosos
“Os avós e os idosos não são sobras de vida, desperdícios para jogar fora. Mas são aqueles preciosos pedaços de pão deixados na mesa da nossa vida, que ainda nos podem nutrir com uma fragrância que perdemos, a fragrância da memória.”
Padres casados
“Na Igreja Católica há sacerdotes casados: todo o rito oriental é casado. Não há nenhuma contradição em que um padre se possa casar. O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporária: não sei se se resolve de uma forma ou de outra, mas é provisório nesse sentido”
Abusos
“Um bispo que muda de paróquia um sacerdote quando se reconhece um caso de pedofilia é um inconsciente e a melhor coisa que pode fazer é apresentar a renúncia. Está claro?”
“O abuso de homens e mulheres da Igreja — abuso de autoridade, abuso de poder e abuso sexual – é uma monstruosidade. Um sacerdote não pode continuar a ser sacerdote se é abusador. Não pode. Porque é doente ou um criminoso.”
Dinheiro
“O dinheiro deve servir e não governar. A maior parte dos homens e das mulheres do nosso tempo continuam a viver numa precariedade quotidiana com consequências funestas: o medo e o desespero.”
Política
“Envolver-se na política é uma obrigação para o cristão. Nós cristãos não podemos nos fazer de Pilatos e lavar as mãos, não podemos! Devemos implicar-nos na política, porque a política é uma das formas mais elevadas da caridade, visto que procura o bem comum.”
Telemóvel
“A Quaresma é o tempo propício para dar lugar à Palavra de Deus. É o tempo para desligar a televisão e abrir a Bíblia. É tempo para desligar-se do telemóvel e conectar-se ao Evangelho. É tempo para falar tu a tu com o Senhor.”
Meses depois deste balanço, outra frase forte: “Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”.
E, na passagem marcante por Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude em 2023, ficou na memória esta ideia: “Na igreja há espaço para todos. E, quando não houver, por favor façamos com que haja, mesmo para quem erra, para quem cai, para quem sente dificuldade. Todos, todos, todos“.
Fórmula para a felicidade
O jornal Clarín recorda ainda uma espécie de 10 mandamentos para a felicidade, que o Papa Francisco apresentou em 2014.
O Papa defendia que o primeiro passo é viver e deixar viver. Depois devemos dar-nos aos outros e mover lentamente.
Brincar com os mais novos e ajudar os jovens a conseguir emprego também é essencial, além de estar com a família ao domingo.
Cuidar da natureza, esquecer rapidamente os maus momentos, respeitar o pensamento dos outros e procurar activamente a paz foram os outros pontos centrais comentados por Francisco.
O último encontro público do Papa Francisco foi neste domingo, dia de Páscoa, com o vice-presidente dos EUA, JD Vance.
O último encontro oficial de estado do Papa Francisco foi ontem com o vice-presidente dos EUA, JD Vance. Após 12 anos de pontificado, o Papa morreu hoje aos 88 anos. pic.twitter.com/42ouCTv3F3
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) April 21, 2025
Para mim fica registado para todo o sempre a frase: “O Terrorismo da indeferença pelos outros”. Isto é outra forma das palavras do Altissimo: “Tens de amar o teu semelhante como a ti proprio”. Mas, o importante é perceber o que se que dizer: Aquelas criaturas que não querem saber dos outros, são aqueles que estão dominados pelo “mal”, são os FIlhos da Terra, os Orcs. É um dos sinais que revela a sua identidade.
O Francisco de certeza que será um dos tais que está sentado à Direita do Pai, no seu Reino.