França vai reconhecer Estado da Palestina já em setembro. “Não seremos os únicos”

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“Povo francês quer a paz”, anunciou Macron. Israel e EUA comparam ação a “terrorismo” e a um “estalo na cara” das vítimas de 7 de outubro. Olhos postos no Reino Unido e Alemanha.

A França vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, em setembro, anunciou esta quinta-feira o Presidente Emmanuel Macron.

“Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Médio Oriente, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina. Farei o anúncio formal na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro próximo”, escreveu o chefe de Estado francês no X.

“Tem de haver um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns e ajuda humanitária em massa ao povo de Gaza. É também necessário garantir a desmilitarização do Hamas, proteger e reconstruir Gaza”, disse o presidente francês: “a urgência hoje é acabar com a guerra em Gaza e prestar ajuda à população civil”.

Para Macron e França é também “essencial construir o Estado da Palestina, garantir a sua viabilidade e permitir que, ao aceitar a sua desmilitarização e reconhecer plenamente Israel, contribua para a segurança de todos no Médio Oriente”.

“O povo francês quer a paz no Médio Oriente. Cabe a nós, franceses, juntamente com os israelitas, os palestinianos e os nossos parceiros europeus e internacionais, demonstrar que isso é possível”, adiantou Macron.

“Tive outros colegas ao telefone e tenho a certeza de que não seremos os únicos a reconhecer a Palestina em Setembro”, disse um alto funcionário da presidência francesa à CNN na quinta-feira, após o anúncio de Macron.

Todos os olhos estão agora postos no Reino Unido e Alemanha.

“Terrorismo”. Netanyahu alerta para novo “agente iraniano”

O vice-primeiro-ministro israelita, Yariv Levin, considerou a decisão uma “instigação direta ao terrorismo“,

O também ministro da Justiça afirmou que a “decisão vergonhosa” anunciada pelo Presidente Macron é “uma mancha negra na história francesa e significa que agora é “tempo de aplicar a soberania israelita” na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967.

O Presidente israelita, Isaac Herzog, acredita que a decisão da França de reconhecer o Estado palestiniano “não promoverá a paz nem ajudará a derrotar o terrorismo” no Médio Oriente. “E, mais importante, não ajudará certamente a trazê-los (aos reféns israelitas) para casa mais cedo”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já tinha antes criticado a decisão.

“Um Estado palestiniano nestas condições seria uma plataforma de lançamento para a aniquilação de Israel, não para viver em paz ao lado dele”, denunciou Netanyahu numa mensagem no X, acrescentando: “Esta decisão recompensa o terror e corre o risco de criar mais um satélite iraniano, tal como Gaza se tornou”.

Aos olhos da gestão dos EUA liderada por Donald Trump, a decisão francesa “atrasa a paz” e “é um estalo na cara das vítimas de 7 de outubro“, escreveu o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, no X.

Hamas satisfeito

“Consideramos este um passo positivo na direção certa para fazer justiça ao nosso povo palestiniano oprimido e apoiar o seu legítimo direito à autodeterminação”, afirmou em comunicado o Hamas, baseado na Faixa de Gaza e considerado terrorista por Israel, Estados Unidos, União Europeia e vários países.

O movimento apoiado pelo Irão, que Israel combate em Gaza há quase dois anos, apela a “todos os países do mundo — especialmente as nações europeias e aquelas que ainda não reconheceram o Estado da Palestina — a seguirem o exemplo da França”.

A Organização para a Libertação da Palestina saudou a decisão.

O vice-presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein al-Sheikh, saudou a intenção da França de reconhecer o Estado da Palestina, agradecendo ao presidente Emmanuel Macron.

“Esta posição reflete o compromisso da França com o direito internacional e o seu apoio aos direitos do povo palestiniano à autodeterminação e ao estabelecimento do nosso Estado independente”, disse.

Muitos — incluindo Portugal — não reconhecem

O reconhecimento francês é simbólico, mas pode ter muita força a nível diplomático.

No total, 148 Estados já reconhecem a Palestina — três quartos dos membros da ONU.

Recentemente, Irlanda, Noruega, Espanha e Eslovénia juntaram-se a essa lista, na sequência da guerra em Gaza despoletada a 7 de Outubro de 2023.

No entanto,  maioria as potências ocidentais EUA e Alemanha continuam sem reconhecer oficialmente o Estado da Palestina, tal como Portugal.

O Governo português liderado por Luís Montenegro, tal como o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, defende que o reconhecimento não é oportuno neste momento. Portugal vai participar, contudo, na conferência franco-saudita em Nova Iorque, agendada para a próxima semana, que servirá de preparação para a Assembleia Geral da ONU.

Desde 2012, a Palestina tem estatuto de Estado observador na ONU e, em 2015, aderiu ao Tribunal Penal Internacional (TPI), o que permitiu a abertura de investigações e a emissão de mandados de captura contra líderes israelitas, incluindo Netanyahu.

Enquanto uns veem o reconhecimento como uma medida de justiça histórica, outros consideram que, dadas as divisões territoriais, a criação de um Estado viável é actualmente impossível. Há ainda quem defenda um modelo de Estado binacional com direitos iguais para todos os habitantes da região.

Recentemente, mais de 120 personalidades, sobretudo ligadas à Cultura, pediram a Portugal papel ativo na defesa dos Direitos Humanos

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Sim. É verdade. Todos os membros do Hamas que participaram ou planearam no que foi feito em Israel a 7 de Outubro deviam, no mínimo, estar presos para toda a vida sem possibilidade de atenuação de pena.
    Mas o que dizer agora, pelo menos, dos dirigentes Israelitas? Para mim, também merecem prisão perpétua. Parece que se esqueceram que parte do seu povo foi protagonista da “solução final” Hitleriana. Sim, o holocausto foi algo real mas quase irreal de acreditar que algum povo, alguma liderança ou genericamente alguém, o pudesse fazer. No entanto parece agora que as vítimas dos anos 40 se transformaram em algozes sem critério. “A mim, a minha segurança, e Am Yisrael Chai!, sem interessar como” e o resto que morra de ataque militar indiscriminado, doença, fome ou sede, e nem interessa se é provocada por mim ou por outros. Imagens como as que agora vemos na TV ou outro media, pudemos ver nas fotos dos campos de concentração Nazis, ou no Biafra ou em várias outras guerras genocidas pelo mundo.
    Parabéns Macron, reconhecer o estado da Palestina é o mínimo que se pode fazer agora. Talvez uma tentativa ténue e ingénua de abanar o sistema, mas… Portugal que tenha a coragem de fazer o mesmo.
    Hamas, Netanyahu e seguidores de ambos os lados, votos de uma longa vida no Inferno (se este existisse…)

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  2. Não será um bocado tarde demais? Com o tal Estado Palestino todo destruído em Gaza e ocupado por colunatos judaicos na Cisjordânia? Esse reconhecimento deveria ter sido feito no tempo do Arafat, antes dessa porcaria do Hamas ter aparecido.

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