Quase um século depois de Ettore Majorana ter lançado as bases para a descoberta de que os eletrões podem dividir-se em dois, uma equipa descobriu agora que os fotões também se podem dividir – pelo menos, teoricamente.
Há quase um século, quando o físico italiano Ettore Majorana sugeriu que os eletrões poderiam ser divididos em dois, a sugestão foi subvalorizada, mas acabou por ser confirmada pela Física.
Agora, uma equipa do Dartmouth’s Viola Research Group sugere que o mesmo possa acontecer com os fotões.
Os cientistas acreditam que, tal como a água líquida pode transformar-se em gelo ou vapor sob certas condições, a luz também pode existir numa fase diferente em que os fotões aparecem como duas metades distintas.
“É uma grande mudança de paradigma de como entendemos a luz de uma forma que não se acreditava ser possível“, explicou Lorenza Viola, citada pelo SciTechDaily. “Não só encontrámos uma nova entidade física, como é uma entidade que ninguém acreditava que pudesse existir.”
A descoberta teórica do fotão dividido – conhecido como Majorana boson – surge num novo artigo científico, publicado em dezembro na Physical Review Letters.
As metades do fotão são semelhantes às duas faces de uma moeda: apesar de serem diferentes uma da outra e poderem funcionar como unidades separadas, constituem um todo em conjunto.
“Cada fotão pode ser considerado como a soma de duas metades distintas“, resumiu o cientista Vincent Flynn, que assegurou que a equipa foi capaz de “identificar as condições para isolar estas metades”.
O ambiente teórico que proporciona as condições necessárias para a divisão das partículas consiste em cavidades preenchidas com feixes quânticos de luz e prevê que as metades apareçam nas extremidades de uma plataforma sintética.
Para já, não passa de uma teoria. É ainda necessária uma experiência laboratorial para confirmar que os fotões podem mesmo existir nesta forma dividida.