Um agricultor italiano encontrou o maior fóssil de sempre de uma baleia azul. A descoberta permitiu concluir que a espécie é 1,5 milhões de anos mais antiga do que os cientistas pensavam.
A baleia azul é o maior animal que já alguma vez habitou o planeta Terra. A análise a um fóssil de um destes animais, encontrado na cidade de Matera, em Itália, mostra que a baleia azul já existia há mais 1,5 milhões de anos do que pensávamos.
O estudo foi publicado, esta quarta-feira, na revista Biology Letters, confirma também que este é o maior fóssil desta espécie alguma vez encontrado. Apesar de as baleias azuis atuais serem ainda maiores, o fóssil desta baleia atinge os 25 metros de cumprimento.
O agricultor italiano encontrou o fóssil em 2006, quando viu algumas vértebras de grande dimensão na margem de um lago que usava para irrigar os seus campos.
O paleontólogo italiano Giovanni Bianucci, da Universidade de Pisa, teve esperar algumas estações para que o nível da água baixasse para poder retirar o fóssil, sem arruinar a colheita do agricultor italiano. Na altura já desconfiavam que os restos pertenciam a uma baleia azul e, o estudo recentemente publicado, vem comprovar a sua teoria.
“O facto de uma baleia tão grande existir há assim tanto tempo sugere que grandes baleias já existem mais tempo do que pensávamos“, disse o co-autor do estudo, Felix Marx. “Não acredito que as espécies possam evoluir para um tamanho tão grande do dia para a noite”, acrescentou.
É raro encontrar fósseis de baleias azuis com mais de 2,5 milhões de anos, tornando difícil descobrir como é que esta espécie se tornou tão grande. A National Geographic explica que, como o planeta passou por várias eras glaciares durante esse período, os restos mortais das baleias podem estar encalhados na terra, mas a várias dezenas de metros abaixo do nível do mar.
O estudo pode também ajudar a revelar que a ascensão das baleias foi mais gradual do que se acreditava anteriormente. Um estudo de 2017 sugeria que o crescimento do tamanho da baleia azul ocorreu repentinamente, há cerca de 300 mil anos atrás. Agora, a descoberta abre a possibilidade de o crescimento ter começado há mais de 4,5 milhões de anos.
Marx explica que a recolha, estudo e análise de fósseis de baleias azuis é complicado e que, por isso, há ainda muito por descobrir. O cientista está neste momento no Peru, onde foram encontrados vários fósseis, mas que ainda não foram recolhidos.
“Tenho conhecimento que há várias baleias, com pelo menos a mesma idade, que ainda não foram analisadas”, disse Marx. Conforme vão sendo encontradas e estudadas novos fósseis, o paleontologista do Instituto Real Belga de Ciências Naturais em Bruxelas.
Porém, nem todos se mostram admirados com a descoberta. “Para ser honesto, o fóssil não me surpreende de todo. Espero que em breve encontremos algo maior e geologicamente mais antigo”, disse Cheng-Hsiu Tsai, paleontologista da Universidade Nacional de Taiwan.