A estirpe mais antiga de Yersinia pestis, a bactéria responsável pela Peste Negra, foi encontrada nos restos mortais de um caçador-coletor com 5 mil anos.
Os investigadores acreditam que esta antiga estirpe era provavelmente menos contagiosa e mortal do que a sua versão medieval.
A Peste Negra foi a pandemia mais devastadora registada na história humana, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia, atingindo o pico na Europa entre os anos de 1347 e 1351.
“O que é mais surpreendente é que podemos adiar o aparecimento da Y. pestis 2.000 anos além do sugerido por estudos publicados anteriormente”, disse o autor principal Ben Krause-Kyora, da Universidade de Kiel, na Alemanha, citado pela Phys. “Parece que estamos muito próximos da origem da bactéria”.
Os restos mortais pertencem a um homem que teria entre 20 e 30 anos de idade a que os cientistas chamam ‘RV 2039’. O seu esqueleto foi encontrado juntamente com o de outro homem, no final do século XIX, naquilo que é hoje a Letónia. Mais tarde, outros dois espécimes foram encontrados no mesmo local.
Os investigadores testaram o RV 2039 para patógenos bacterianos e virais, e ficaram surpreendidos com os resultados. Foram encontradas evidências de Y. pestis, que mostrou ser a estirpe mais antiga alguma vez descoberta.
“O que é tão surpreendente é que já vemos nesta estirpe inicial mais ou menos o conjunto genético completo de Y. pestis, e apenas alguns genes estão em falta. Mas mesmo uma pequena mudança nas configurações genéticas pode ter uma influência dramática na virulência,” diz Krause-Kyora.
Um dos genes em falta era um especialmente importante: o que permite que as pulgas atuem como vetores para espalhar a peste.
A transmissão por pulgas também exigia a morte do hospedeiro humano, o que significa que o aparecimento do gene poderá ter impulsionado a evolução de uma doença mais mortal.
Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Cell Reports.