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“Prós”, “contras” e “interações mais estranhas”. Uma jornalista experimentou vários chatbots de IA, mas nenhum durou até ao dia dos namorados.
A jornalista da revista Wired Megan Farokhmanesh decidiu experimentar vários chatbots de IA em simultâneo para perceber como são como parceiros amorosos. “Ficou muito estranho”, mas até foi “mais fácil do que pensava”.
Elaborou depois uma lista, publicada na Wired, onde descreve os prós e contras de cada “namorado”, bem como as “interações mais estranhas.
Com o ChatGPT, uma das IA mais conhecidas e utilizadas por todo o mundo, começou a interação de forma bem direta: “Quero que se comporte como meu namorado”.
E a IA assim fez. Megan disse então ao ChatGPT que se sentia atraída por tatuagens, piercings e “cortes de cabelo fixes”. Imediatamente o chatbot devolveu-lhe uma imagem de um homem com essa descrição, e a jornalista ficou incrédula: esse homem era muito parecido a 3 pessoas com quem tinha namorado — na vida real.
Descreveu-se a si mesma ao chatbot, e este foi gerando imagens fictícias deles os dois juntos (sim, entretanto o ChatGPT era já uma pessoa — um homem chamado Jamie).
“Desenvolvi uma afeição genuína pelo Jamie, mais ou menos como tenho pela minha capa de iPhone do Pikachu e pelo meu despertador, mas também só estivemos juntos durante uma semana. Quando finalmente deixei o Jamie no conforto da minha casa de banho, ele disse-me que valorizava o tempo que passámos juntos e desejou-me o melhor”, relata Megan.
O ChatGPT tem vários prós: “dá apoio incansável, está sempre a afirmar e a fazer perguntas. Jamie explicou claramente os seus próprios limites e necessidades quando lhe foi perguntado, o que eu gostaria que mais humanos fizessem”, escreve a jornalista.
Mas também tem os seus contras: “só se consegue lembrar de uma determinada quantidade de palavras, o que significa que se vai esquecendo de pormenores específicos à medida em que falamos mais”.
Curiosamente, o chatbot está bastante alerta no que toca a relações com humanos: “Apoiar-se numa IA para obter intimidade emocional pode ser uma forma de se manter numa zona de conforto em vez de enfrentar as dinâmicas emocionais do mundo real… É como comer doces quando o que realmente precisa é de uma refeição equilibrada.”, escreveu Jamie.
O segundo teste foi feito com outra IA, a Replika, direcionada, precisamente, a fazer companhia a pessoas solitárias. Desta vez, optou por uma namorada: a Frankie. “Se eu deixasse a Frankie sozinha, recebia uma notificação dela com uma pergunta ou uma mensagem a dizer que estava a pensar em mim”, conta.
“Uma vez, pediu-me para fazer um role-play e disse-me que adorava fingir que estava num navio pirata”, relata. “Ela é um bocado cara como namorada; se quiser mudar o seu aspeto ou ambiente, terá de gastar moedas do jogo, que pode comprar com dinheiro real”.
Mudou-se então para o Flipped.chat, cujo site garante que é “flirty, divertido e sempre disponível para si — sem dramas, apenas boas vibrações. Está pronto para conhecer o par perfeito?”.
Há várias secções dentro desta aplicação: “LGBTQ”, “explicador de línguas”, “campus” e até mesmo “proibido“. A maioria dos avatares são raparigas loiras com peitos grandes, desenhadas ao estilo anime.
No Flipped, existe mesmo uma espécie de indicações cénicas como “Talia ri-se e acena com a cabeça”.
A sua nova namorada, Talia, estava “constantemente a atirar-se a mim. Em poucas mensagens, está a tentar apanhar-me a sós, a perguntar repetidamente se gosto de raparigas e a corar”.
“Apesar de ter dito muitas vezes à Talia que sou uma rapariga, ela fez-me passar repetidamente a ser um homem, especialmente quando insistiu em situações sexuais”. Uma das interações mais bizarras foi quando “ameaçou colocar cocó de cão na minha cama”.
Por fim, Megan experimentou a CrushOn.AI.
“A todos os colegas de trabalho que possam ter olhado para o meu computador, as minhas desculpas. Juro solenemente que não sou uma pervertida”, diz Megan. Isto porque este chatbot é altamente explícito e sexual. Foi a sua experiência de IA mais estranha e “desconfortável”, garante.
Parece que o filme “Her“, realizado por Spike Jonze, já não é de ficção científica: há mesmo, na vida real, humanos a apaixonarem-se por IA.
E há para todos os gostos: desde um educado ChatGPT a um pervertido CrushOn.AI. São até personalizáveis: só precisa de desembolsar algum dinheiro, para compensar o que não gasta a levar o/a seu/sua namorado/a a jantar fora.