Foi criado revestimento dentário mais resistente

Cientistas na Rússia e no Egito criaram um revestimento dentário que excede a dureza natural do esmalte dos dentes. Utiliza o composto hidroxiapatita  — o componente primário em tecido ósseo e tecidos mineralizados em humanos e animais.

Sendo o tecido mais duro do corpo humano, o esmalte não é um material fácil de recriar, mas fazê-lo pode significar grandes avanços na ciência dos materiais e na medicina regenerativa.

Os investigadores relatam agora um avanço nesta área, ao ajustar a composição de um mineral natural para igualar a micro-estrutura do esmalte natural num novo tipo de revestimento dentário, e fazem-no de uma forma que oferece ainda maior resistência.

De acordo com o New Atlas, os investigadores modificaram a hidroxiapatita com um complexo de aminoácidos que ajudam naturalmente na reparação de estruturas ósseas e musculares, tais como lisina e arginina, resultando numa camada mineralizada com propriedade que se assemelham ao componente principal do esmalte natural.

No estudo que foi publicado no Science Direct em Setembro deste ano, os investigadores da Ural Federel University aplicaram o material em dentes saudáveis, para que pudessem observar a sua capacidade de se ligar ao tecido dentário real.

Os cientistas utilizaram imagens químicas, eletrões de emissão de campo e microscopia de força atómica para investigar as propriedades do novo material. A camada mineralizada foi encontrada entre 300 e 500 nanómetros de espessura, com uma estrutura nano cristalina em linha com a dos cristais de apatite em esmalte natural.

A equipa encontrou o novo revestimento com uma força impressionante, e ainda maior dureza do que o esmalte natural quando medido na nano escala.

“Criámos uma camada mineralizada biomimética cujos nano cristais reproduzem a sequência de nanocristais apatita de esmalte dentário”, explicou o autor do estudo Pavel Seredin. “Também descobrimos que a camada concebida de hidroxiapatita aumentou a nano-dureza que excede a do esmalte nativo”.

Sendo um revestimento muito fino mas muito resistente do dente, o esmalte desempenha um papel importante no tratamento da cárie, mas é também um dos únicos tecidos do corpo que não se consegue regenerar.

Isto significa que a sua erosão ao longo da vida pode levar a problemas dentários graves, mas temos visto algumas abordagens inventivas à regeneração do esmalte, tais como a utilização de lasers de baixa potência para estimular células estaminais, por exemplo, ou pasta de dentes carregada com peptídeos.

Ao lançar outra solução potencial para a mistura, a equipa imagina que esta tecnologia ajude a restaurar o esmalte que se desgastou devido à erosão ou abrasão. Mas também esperam melhorá-la ainda mais, explorando como pode ser aplicada a defeitos maiores, tais como fissuras e fraturas.

Inês Costa Macedo, ZAP //

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