No que parece ser mais uma devastadora consequência das mudanças climáticas que estão a afectar o nosso planeta, um novo estudo agora publicado revela que os altos índices de gases do efeito estufa podem fazer com que o cheiros das flores desapareça por completo do planeta nos próximos anos.
Este resultado afectará no entanto muito mais do que o estilo de vida do Homem. Mais do que para os apreciadores do perfume das rosas, por exemplo, a mudança é trágica para as abelhas.
Responsáveis pela polinização de um terço da procura mundial de alimentos, as abelhas orientam-se graças a moléculas microscópicas de odor exaladas pelas plantas.
Sem estas moléculas, o trabalho das abelhas torna-se muito mais complicado.
De acordo com o estudo, publicado na revista científica The Phytologist, estas frágeis moléculas quebram-se mais facilmente num ambiente com níveis de ozono mais altos.
“O ozono é um poluente altamente reactivo, que aumenta a degradação de diversos componentes das plantas, reduzindo a sua expectativa de vida”, explica o autor do estudo, Gerard Farré-Armengol, investigador do Centro de Pesquisa Ecológica e Florestal de Barcelona, Espanha.
Em entrevista ao Take Part, Farré-Armengol defende que os actuais níveis elevados de ozono diminuem a atractividade das flores para os agentes polinizadores como as abelhas.
“Como resultado, as abelhas têm mais dificuldade em encontrar comida, e as plantas vão receber menos visitas, o que limita a sua taxa de sucesso reprodutivo”, explica Farré-Armengol.
As abelhas, porém, não são a única espécie a ser afectada pelos altos níveis de ozono na atmosfera.
Este gás contribui para a formação de smog, termo em inglês usado para descrever a mistura de “fumo” com “neblina”.
O smog é responsável por diversos problemas de saúde nos humanos e poderá causar nos próximos 35 anos uma diminuição da produtividade das plantações agrícolas em até 15%.
ZAP / POP