Filhos de mães muito jovens têm mais problemas comportamentais e menor desempenho cognitivo

Crianças entre os nove e os 11 anos de idade cujas mães tinham entre 15 e 19 quando estas nasceram apresentam mais problemas comportamentais do que os filhos de mães mais velhas, revelou um novo estudo.

Esta análise recente, realizada com dados do National Institute of Mental Health Data Archive (NDA) e publicada recentemente no Molecular Psychiatry, revelou que esses problemas estavam relacionados com volumes menores de certas áreas do cérebro.

De acordo com o PsyPost, que cita os dados do estudo, quase 11% dos partos são de jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos. Estudos recentes já haviam demonstrado que filhos de mulheres com mais idade têm menos problemas de comportamento e um melhor desempenho cognitivo.

Jingnan Du, investigador da Universidade de Harvard, e os colegas analisaram dados do estudo Adolescent Brain Cognitive Behavior (ABCD), “o maior estudo a longo prazo sobre o desenvolvimento do cérebro e saúde infantil realizado nos Estados Unidos” e que inclui crianças em 21 locais diferentes.

Um número total de 11897 crianças com idades entre os nove e os 11 anos estiveram envolvidas no estudo, tendo sido analisados dados de 8709 destas crianças.

O objetivo era estudar a relação entre a idade dos pais e os problemas de comportamento e desempenho cognitivo das crianças, assim como avaliar se existem diferenças nos volumes e áreas corticais de diferentes regiões cerebrais associadas à idade dos progenitores.

Finalmente, a equipa queria saber se a relação entre a idade dos pais e os problemas comportamentais e cognitivos pode ser atribuída às diferenças observadas nos cérebros das crianças.

A base de dados também continha resultados de avaliações ao desempenho cognitivo, com oito escalas de síndromes relacionadas com problemas psiquiátricos, tais como depressão, problemas sociais, comportamento que quebra de regras, problemas sociais, comportamento agressivo, entre outros.

Os investigadores dividiram as crianças em 14 grupos com base na idade das mães e compararam os grupos. Os resultados sobre problemas comportamentais foram mais elevados em crianças cuja idade materna se situava entre os 15 e 19 anos, em comparação com os grupos com idade materna mais avançada.

As pontuações globais de desempenho cognitivo foram mais baixas em crianças cujas mães eram muito jovens na altura do seu nascimento (entre os 15 e os 19 anos) em comparação com as crianças que nasceram de mães mais velhas. Resultados semelhantes foram encontrados tendo em consideração a idade dos pais.

Além disso, os investigadores descobriram que as crianças com áreas e volumes menores nas regiões cerebrais estudadas tinham mais problemas comportamentais e piores resultados de desempenho cognitivo.

O estudo traz à luz ligações importantes, mas os autores sublinharam que “os resultados aqui descritos são associações”, não relações de causa e efeito, e que a sua origem deve de ser objeto de investigação futura.

Os dois grupos etários mais jovens eram mães adolescentes, que poderiam ter tido elas próprias problemas comportamentais antes da maternidade. Desta forma, “os efeitos encontrados podem estar relacionados com os fatores genéticos ou com o ambiente em que as crianças foram educadas”, concluíram os investigadores.

ZAP //

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