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Filhos das antigas glórias são a fórmula para o sucesso dos “vikings” do futebol

Fotball.no

Martin Odegaard, jovem prodígio norueguês.

A Noruega está a construir o seu futuro sobre a base da sua história. Filhos e sobrinhos de lendas do passado estão agora a florescer no frio nórdico e a trazer a seleção de volta à ribalta.

Já diz o ditado: filho de peixe sabe nadar. O futebol tende a ser um exemplo desta expressão popular e muitos são os exemplos que vemos ao longo dos anos. Desde Cesare e Paolo Maldini em Itália, a Domingos e Gonçalo Paciência em Portugal, são vários os casos de sucessão genética na habilidade com a ‘redondinha’.

A Noruega é o exemplo de uma seleção que se procura rejuvenescer depois de um período de sucesso inesperado, seguido de algumas décadas de escuridão. Em 1994, a seleção norueguesa era quarta no ranking da FIFA sob o comando técnico de Egil Olsen, que revolucionou a forma como os nórdicos — e muitas equipas — jogavam.

O treinador foi um precursor da videoanálise das equipas, estudando as debilidades do adversário e adaptando-se às circunstâncias. O princípio fundamental era o de ‘å være best uten ball’, algo que se pode traduzir por ‘ser o melhor sem a bola’. Com jogadores sem o talento bruto e o tecnicismo de outros, a Noruega conseguiu ombrear-se com grandes potencias mundiais do futebol.

Nos anos que se seguiram, uma fornada de futebolistas começou a assumir-se nos grandes palcos europeus. O futebol inglês foi casa para muitos deles. Ole Gunnar Solskjær, Henning Berg e Ronny Johnsen no Manchester United; os ‘guardiões’ Espen Baardsen e Frode Grodas no Tottenham; Stig Inge Bjørnebye e Øyvind Leonhardsen no Liverpool; Tore André Flo no Chelsea e ainda outros espalhados por Southampton, Leeds e Everton.

Um deles, Alfie Inge Haaland, que passou por Nottingham Forest, Leeds United e Manchester City, é pai de Erling Braut Haaland, estrela em ascensão do Red Bull Salzburgo e da Noruega, que tem meio mundo atrás dele.

Como realça o These Football Times, o rumo ao estrelato dos noruegueses rapidamente entrou em decaimento. No início de 2010, o país já ocupava o 32.º lugar do ranking da FIFA e, atualmente, caíram ainda mais para o 44.º lugar.

Desde o apuramento para o Euro 2000, que ‘Os Leões’ não se conseguem qualificar para um grande torneio. Os nórdicos têm agora uma oportunidade de quebrar a maldição e conseguir o acesso para o Euro 2020. À distância deste sonho está apenas a Sérvia, que terão de derrotar no playoff de acesso.

Como a fénix, a Noruega está a renascer das cinzas e, para isso, conta com o sangue herdado dos heróis do passado. Este lote de jovens promissores carrega nos ombros as 321 internacionalizações conseguidas pelos seus familiares.

Para além de Haaland, Alexander Sorloth é filho de Goran, que representou 23 vezes a sua seleção e fez nove golos. O jovem Emil Bohinen, é filho de Lars, que alinhou pelo Nottingham Forest, Blackburn e Derby County; Markus Solbakken é filho de Stale, que jogou no outrora grande Wimbledon; Kristian Thorstvedt é filho do antigo guarda-redes do Tottenham, Erik; e Thomas Grevsnes Redkal é sobrinho de Kjetil, antigo atleta do Rennes e do Hertha de Berlim.

Martin Odegaard é também um dos jogadores em que o povo norueguês mais deposita a sua confiança para um dia ser o expoente máximo da qualidade do seu futebol. Filho de Hans Erik Odegaard, cedo saiu do seu país natal para se juntar aos quadros do Real Madrid, mas depois de empréstimos ao Heerenveen e ao Vitesse, procura agora despoletar na Real Sociedad.

A qualificação para o Euro 2020 pode ser um passo maior do que a perna para estes vikings da bola, mas o Mundial de 2022, no Catar, pode ser o habitat ideal para estes jovens mostrarem toda a sua qualidade.

Como já foi dito, filho de peixe sabe nadar, e estes jovens começam a dar os primeiros passos nas seleções jovens da Noruega. Os filhos das antigas lendas da seleção norueguesa aspiram dar as mesmas passadas que os seus familiares e levar a equipa à glória, quer seja sob o princípio ‘å være best uten ball’ ou não.

DC, ZAP //

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