No Funicular da Graça, em Lisboa, já vai haver distinção entre turistas e residentes. Câmara Municipal quer alargar medida a mais transportes públicos da Carris.
O elétrico 28, os ascensores, os funiculares e o elevador de Santa Justa são meios de transportes em pleno coração da cidade de Lisboa onde quem lá viaja sabe o quão repletos estão de turistas.
Em Lisboa, os transportes públicos tornaram-se um símbolo da cidade e um ponto de atração turística. É por isso que quem não tem um passe Navegante paga 6 euros para ir e voltar em breves minutos no elevador de Santa Justa, ou 4,1 euros para circular no Elevador da Bica.
A Câmara Municipal de Lisboa decidiu, então, ordenar à Carris que comece a implementar filas separadas para turistas e para residentes nos transportes públicos que constituam “equipamentos de elevada pressão turística”, avança o Público. Para além disso, o plano é também aumentar o valor dos bilhetes individuais.
A partir de maio, a medida vai já começar a ser aplicada no recém-criado (abriu em março de 2024) Funicular da Graça. Uma fila é para quem tem o passe mensal Navegante, e outra para quem adquira o bilhete pontual. O objetivo da Câmara é estender a medida a outras estruturas de grande afluência.
“O objetivo desta proposta é encontrar uma forma legal e prática de assegurar o uso dos transportes públicos por parte da população. Ela não pode ser prejudicada pela enorme procura turística sentida em alguns equipamentos”, explica o autor da proposta, Rui Franco, vereador dos Cidadãos Por Lisboa (CPL).
“Há que distinguir entre uma senhora de idade que vem carregada com os sacos de compras, e quer subir da Mouraria até à Graça, e uma excursão saída de um cruzeiro”, exemplifica.
No entanto, há quem acredite que este plano vai complicar a viagem para os clientes da Carris que, ainda que não tenham o passe mensal, utilizam com alguma frequência estes equipamentos.
A Carris diz, no entanto, que a aplicação da medida de forma alargada para vários transportes públicos será “bastante complexa“. isto porque, admite o próprio vereado Rui Franco, a seleção entre moradores e turistas pode constituir uma “matéria sensível, por questões constitucionais de não-discriminação”.
É o caso do vereador comunista João Ferreira, que votou contra a media por considerar que há uma “dificuldade inultrapassável, que é a de definir quem é que é turista. Existe um grande grau de indeterminação. Qualquer utilizador frequente, mas não quotidiano, será prejudicado. Como é que se faz com essas pessoas? Vão para a fila dos turistas?”
O vereador acredita que “se um transporte está sobrecarregado”, a solução é “aumentar a oferta”.