Por vezes, o riso é mal interpretado no sexo. Há quem só atinja o orgasmo com um pouco de gargalesis nas axilas ou de knismesis nas orelhas. Estudo pioneiro explica porquê.
Os cientistas já concluíram o primeiro estudo de sempre sobre a curiosa knismolagnia ou, simplificando a palavra, o fetiche por cócegas, e mostraram que o seu papel é muito mais relevante no prazer sexual de algumas pessoas do que se pensava.
Enquanto investigações anteriores se centraram essencialmente nas dimensões sensoriais e lúdicas das cócegas, os cientistas do Centro Médico Universitário de Mainz aventuraram-se em território desconhecido para compreender melhor o papel das cócegas no sexo.
Para tal, a equipa falou com fetichistas de cócegas e recolheu 719 respostas anónimas ao longo de 108 dias que revelaram algumas das suas preferências sexuais. Para a maioria, as cócegas são sexualmente gratificantes e um em cada quatro confessa que só atinge o orgasmo com cócegas.
Estas sessões de cócegas na atividade sexual prolongam-se, muitas vezes, para além de uma hora e envolvem papéis distintos: há um parceiro que geralmente faz cócegas enquanto o outro é sempre o que recebe cócegas, segundo os dados dos inquiridos. E não acaba aqui, segundo o estudo publicado na Frontiers in Psychology.
Os inquiridos mostraram também uma preferência por diferentes partes do corpo e até por diferentes tipos de cócegas. A gargalesis, uma forma vigorosa de cócegas que provoca reações intensas, é a preferida no tronco e nas axilas; já a knismesis, que envolve toques mais suaves, quer-se em torno das orelhas, do pescoço e das costas.
O estudo também se debruçou sobre aspetos psicológicos e concluiu que, em última análise, estas pessoas gostam de cócegas pelos sentimentos de submissão que podem evocar ou pelas reações físicas que provocam na pessoa que faz cócegas.
E assim chegamos ao resultado mais inesperado da investigação.
O estudo verificou ainda que as experiências de infância têm influência neste (não tão) raro fetiche, com vários participantes a atribuírem o seu interesse pelas cócegas aos desenhos animados que viam quando eram mais pequenos.
“As cócegas são uma atividade íntima que requer um certo nível de confiança mútua“, afirma o coautor do estudo Shimpei Ishiyama em comunicado citado pelo IFL Science.
“Pode criar laços entre os indivíduos e servir de escape para a energia sexual. Por conseguinte, estudos futuros devem investigar os mecanismos pelos quais as cócegas desencadeiam o prazer sexual. Os resultados do nosso estudo podem abrir caminho para esta investigação adicional sobre a sexualidade humana”, remata.