Cientistas estão a tentar produzir fertilizante líquido através de urina humana. Isto não só trataria os dejetos no espaço, como possibilitaria a prática agrícola.
Se pretendemos dar continuidade ao nosso sonho de nos expandirmos para outros horizontes, principalmente no que toca a colonizar outra planeta, precisamos de nos adaptar as suas condições bastante próprias. Seja na Lua, em Marte ou noutro planeta qualquer, vamos encontrar uma pitada de aspetos inóspitos que teremos de superar.
Um dos principais desafios será alcançar um certo grau de autonomia, para permitir que as colónias isoladas sobrevivam mesmo no caso de uma falha catastrófica no abastecimento. Assim sendo, não será uma surpresa que investigadores estudem já eventuais técnicas de agricultura espacial
Este é o caso do Centro de Investigação para Colónia Espacial da Universidade de Ciência de Tóquio, no Japão, onde uma equipa de investigadores tem estudado a possibilidade de fabricar um fertilizante líquido a partir da ureia, o principal componente da urina. São coelhos numa só cajadada — não só resolveria o problema do tratamento ou gestão de dejetos no espaço, como possibilitaria o cultivo de alimentos.
“Este processo é de interesse do ponto de vista de fazer um produto útil, ou seja, amoníaco, a partir de um produto residual, ou seja, urina, usando equipamento comum à pressão atmosférica e temperatura ambiente”, explica o líder da equipa de investigação, Norihiro Suzuki, num comunicado citado pela EurekAlert.
“Entrei para a ‘Space Agriteam’ envolvido na produção de alimentos, e a minha especialização em investigação é em físico-química; portanto, tive a ideia de produzir ‘eletroquimicamente’ um fertilizante líquido”, disse Suzuki, contando como surgiu a ideia.
O investigador realça que a urina tem elementos vitais para a nutrição das plantas, como por exemplo enxofre, cálcio e magnésio. O estudo foi publicado, em setembro, na revista científica New Journal of Chemistry.
Suzuki e a sua equipa estão otimistas de que este método é um passo importante para alcançar a produção de fertilizantes líquidos em espaços fechados. “Será útil para manter estadias de longo prazo em espaços extremamente fechados, como estações espaciais”, projetou o especialista.