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Ferramentas de pedra com 45 mil anos descobertas na Mongólia

Uma coleção de artefactos de pedra descobertos no sítio arqueológico de Tolbor-16, na Mongólia, provam que o Homo sapiens viajou pela Eurásia cerca de dez mil anos antes do que se pensava.

O Homo sapiens moderno viajou pela Eurásia há 45 mil anos, cerca de dez mil antes do que anteriormente os especialistas pensavam. As escavações em Tolbor-16, na Mongólia, trouxeram à tona 826 ferramentas de pedra que dão provas sólidas de ocupação humana nessa zona.

“O sítio arqueológico aponta para um novo local onde os humanos modernos podem ter encontrado pela primeira vez os seus misteriosos primos, os Denisovanos“, disse Nicolas Zwyns, investigador da Universidade da Califórnia e autor do estudo publicado, na semana passada, na revista Scientific Reports.

“Com lâminas longas e regulares, as ferramentas assemelham-se às encontradas em outros locais na Sibéria e no noroeste da China — o que indica uma dispersão em larga escala de seres humanos por toda a região”, explicou Zwyns. Objetos como estes já tinham sido encontrados na Sibéria, mas não com este grau de estandardização.

O arqueólogo belga também se mostrou intrigado com esse aspeto, realçando que as ferramentas foram “produzidas de uma forma complicada, mas sistemática”. O investigador notou ainda uma espécie de assinatura típica dos artefactos que mostram pertencer todos a um mesmo grupo com um conhecimento técnico e cultural em comum.

Nicolas Zwyns / University of California

Algumas das ferramentas encontradas em Tolbor-16.

Segundo o Sci-News, a tecnologia usada nas ferramentas levou os arqueólogos a excluir que tenham sido neandertais ou denisovanos a ocupar o espaço.

“Embora não tenhamos encontrado restos humanos no local, as datas que obtivemos correspondem à idade dos primeiros Homo sapiens encontrados na Sibéria”, disse Zwyns. “Depois de considerar cuidadosamente outras opções, sugerimos que essa mudança na tecnologia ilustra os movimentos do Homo sapiens na região“, acrescentou.

A datação das ferramentas coincide com as previsões do primeiro encontro entre o Homo sapiens e os denisovanos. “Embora ainda não saibamos onde se encontraram, parece que os denisovanos transmitiram genes que mais tarde ajudaram o Homo sapiens a estabelecer-se em altitudes elevadas e a sobreviver à hipóxia no Tibete”, explicou Zwyns.

Evidências do solo da região sugerem também que, durante um período, o clima ficou mais quente e húmido na Mongólia, passando de uma região fria e seca para um clima mais propenso a animais e humanos. Zwyns encontrou também fragmentos de ossos que confirmam a presença de animais de pasto.

ZAP //

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