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Barcelona tem “cidades de 15 minutos”
Volt é um partido muito pró-Europa e isso reflecte-se no seu programa eleitoral. As cidades deveriam ter outro desenho.
Na preparação para as eleições legislativas 2025, que se realizam no próximo domingo, aprofundamos um pouco os programas eleitorais – quando existem – dos partidos que não têm qualquer deputado na Assembleia da República.
Entre as dezenas e dezenas de propostas que analisámos, dos partidos mais “pequenos”, houve algumas que chamaram mais atenção do que outras, como seria expectável.
E o Volt, partido recente em Portugal (criado em 2020) e também por isso pouco conhecido por cá, tem algumas alíneas que são… fora da média.
O Volt é um partido muito pró-Europa; aliás, é um dos “braços” nacionais do Volt Europa, fundado em 2017. E isso reflecte-se no seu programa eleitoral.
Novo feriado
No capítulo sobre cultura na secção “Dar voz aos cidadãos”, lê-se que “a cultura e a criatividade desempenham um papel importante no reforço da identidade única da Europa e de cada país e região, podendo também ser importantes impulsionadores e facilitadores da inovação e do empreendedorismo”.
“O Volt, como partido europeísta e com vista a melhorar a imagem e o espírito de pertença” à União Europeia, propõe “tornar o dia 9 de Maio feriado nacional, de modo a divulgar a diversidade e ao mesmo tempo celebrar a paz e a união na Europa”.
Refira-se que 9 de Maio é o Dia da Europa. Assinala-se nesta data porque foi a 9 de Maio de 1950 que foram estabelecidas as bases da cooperação europeia: surgiu a Declaração Schuman – o então ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Robert Schuman, propôs este ponto de partida da integração europeia – que viria a originar a CEE e a actual União Europeia.
Cidades de 15 minutos
As cidades de 15 minutos surgem em dois momentos do programa eleitoral: na parte do investimento público e das infraestruturas, e mais abaixo na parte da habitação.
Numa “cidade de 15 minutos”, os cidadãos locais “não têm que se sujeitar a percorrer grandes distâncias (e tempos) durante o dia-a-dia, com a proximidade de serviços, entre outros”.
Qualquer ponto da cidade estaria, no máximo, a 15 minutos de distância – a pé ou de bicicleta.
“Impossível”, dirão os leitores. Sim, em várias cidades portuguesas, sobretudo nas principais, isso é impossível.
Mas a questão não seria diminuir as cidades. A questão seria redesenhar as cidades.
Traduzindo: cada cidade teria diversas áreas quase autónomas. Porque cada área, cada local, teria os serviços essenciais por perto – relacionados com vida diária, trabalho, comércio, saúde, educação, entretenimento.
Tudo o que os cidadãos precisam diariamente estaria a menos de 15 minutos de distância na sua zona de residência.
Este modelo, que na verdade tem origem em planos de urbanização com mais de 100 anos, foi muito recuperado por causa da COVID-19.
Traz várias vantagens: menos dependência do carro ou de transportes, menos poluição/melhor qualidade do ar, impulsiona as economias locais, melhora a saúde e o bem-estar público, traz mais oportunidades sociais.
E já há várias cidades conhecidas com esse sistema: Barcelona, Paris, Milão, Ottawa, Melbourne ou Shanghai são exemplos.